11.11.16

O botão da guerra

Antunes Ferreira
Há oito dias publiquei aqui uma crónica que tinha o título E se Trump ganhar (as eleições)? Amigas e amigos diversos (ainda vou tendo alguns…) começaram logo a gozar não apenas com o texto mas também com o autor – que era e sou eu. Chegaram mesmo a chamar-me Pitoniso do Lumiar Ou, até, primo da Bruxa da Arruda. Houve mesmo quem me enviasse por SMS a clássica citação do futebolista João Pinto do Futebol Clube de Porto: “Prognósticos? Só no fim do jogo”…
Não venho defender aqui e agora (expressão que teve o seu tempo) o poder divinatório que dizem que me assiste. Mas, posso assegurar que o não tenho – ou, se o tivera já seria um excêntrico pois teria acertado no primeiro prémio de um Totomilhões, de preferência num daqueles super-hiper. A afirmação é calina, vem dos tempos pré-históricos da lotaria, percorreu a saga da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e chegou ao “é fácil, é barato e dá milhões”.
Donald Trump é, pois, o novo Presidente dos Estados Unidos da América, o 45º desde George Washington. Um Presidente improvável, inesperável, inesperado, porém fruto dum sistema eleitoral complicado como é o dos EUA. Por vezes é difícil explicá-lo, sobretudo àqueles a quem a política na generalidade e a norte-americana na especialidade pouco diz, ou mesmo não diz nada. 
Se um candidato – como é o caso de Hillary Clinton – ganha em número de votos por que bulas não será ele o próximo inquilino da Casa Branca? Mas, a Constituição estabeleceu um procedimento eleitoral com regras muito próprias que metem Colégios Eleitorais e coisas assim. Desta maneira, o truculento Trump ganhou – e está ganho.
Agora muitos se interrogam sobre o comportamento deste milionário incorrecto, mal-educado, acintoso, contraditório, que já mudou de discurso muitas vezes. Os analistas dizem que o homem será, como todos os Presidentes, controlado, pelo poder legislativo e pelo judicial. Pois bem, dando de barato que assim será, não se pode ignorar que há um poder que o Presidente dos EUA tem e que ninguém controla: o de carregar no botão e desencadear uma guerra nuclear.

Todas as análises post-eleições valem o que valem, como acontece com as sondagens. Mas entre todas registei uma: os norte-americanos – os eleitores norte-americanos – não estão preparados para terem uma mulher na Presidência. Porém também não o estavam para ter um negro na Casa Branca – até chegar Barak Obama. Um dia destes chegará o tempo da primeira mulher.

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4 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Este comentário foi removido pelo autor.

11 de novembro de 2016 às 16:50  
Blogger Ilha da lua said...

Que um país como os EUA não esteja preparado para ter na presidência uma mulher (Ainda que melhor preparada que o se adversário,homem) dá que pensar....Mas,dá muito mais que pensar ter havido mulheres que votaram num homem que as trata como lixo

11 de novembro de 2016 às 16:59  
Blogger SLGS said...

Perante o facto consumado,subscrevo inteiramente as palavras de"Ilha da lua", apesar de H. Clinton não ser grande coisa. Os Democratas tinham lá melhor e não souberam aproveitar.

11 de novembro de 2016 às 17:13  
Anonymous Nuno Sotto Mayor Ferrão said...

Da única super-potência sobrante assusta pensar que foi eleito um Presidente que promete ser tão parecido com G. W. Bush na sua impetuosidade arrogante. Depois dos anos da esperança do "Yes we can", vem a promessa de um EUA interessado no seu umbigo, o que deixa grandes incertezas depois da afirmação de protagonistas como o Papa Francisco e de António Guterres que nos abriram, digo ao mundo, uma janela de esperança. Virão de novo tempos difíceis, porque a estratégia de fechamento ao exterior, como foi o caso recente do Reino Unido com o "Brexit", não trás nenhum bom augúrio. Esperamos que as forças moderadas dos EUA e dos seus Aliados externos o possam limar nas arestas mais cortantes... Designadamente, de impedir que o Presidente Donald Trump um dia carregue no botão das bombas atómicas, porque o mundo não comportaria uma guerra nuclear, ou seja, uma terceira guerra mundial, pois as bombas nucleares que hoje existem são bem diferentes das de 1945 e a sua dispersão geográfica implicaria uma catástrofe global para a Humanidade e para o planeta.

Cordialmente,
Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

12 de novembro de 2016 às 16:23  

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