4.11.16

E se Trump ganhar?

Por Antunes Ferreira
Aquando da corrida à Casa Branca em que os concorrentes eram Michael Dukakis e George Bush (pai) acompanhei a campanha eleitoral que na altura (1988) foi considerada a mais suja de sempre com a intervenção de forças aparentemente exteriores aos partidos representados pelos dois políticos: Dukakis, pelos Democratas; Bush, pelos Republicanos.
Face a tais condições que eram na altura inéditas, impensáveis, torpes e porcas, vi-me e desejei-me para transmitir quotidianamente aos leitores do “Diário de Notícias” o que se estava a passar nos Estados Unidos da América e, sobretudo nos bastidores dessa cavalgada que rapidamente se transformou num rodeo sem margens limitadoras, sem regras, sem decência e sem pudor.
Quase até à contagem dos votos depositados nas urnas, Dukakis que  fora por duas vezes governador do estado de Massachusetts levava vantagem nas previsões; mas perderia as eleições. Quando me perguntei por que bulas tal acontecera, percebi que a porcaria tinha tomado conta da campanha. As agências de publicidade contratadas pelos republicanos tinham feito e bem o trabalho de casa. Resultado: o desprestigio total para o democrata.
Recordo-me dum pequeno filme em que o candidato  Dukakis aparecia a comandar um tanque para combater o slogan que de guerra ele nada percebia. Pois os seus apoiantes fizeram o que jamais poderia acontecer: forneceram-lhe um capacete bastante maior do que a cabeça do candidato. Isto foi apenas um exemplo.  Disse-se depois que fora um infiltrado republicano que trocara o capacete original pelo que motivara o ridículo da cena.
A última entrevista com o apresentador Bill Crosby foi o desastre final. O tema era o porte de armas no país. O democrata disse que era contra, como dissera durante toda a campanha; Bush afirmou que as armas, além de serem uma posição tradicional nos USA eram fundamentais paara a defesa pessoal. Dukakis ali perdera as eleições. Bush já era o sucessor de Ronald Reagan.
Mal pensavam os analistas e os comentadores políticos americanos que em 2016 uma campanha reles viria a bater a de 1988 – e por larga margem de agressividade e de má educação. Entre Hillary Clinton e Donald Trump a violência oral atingiu níveis escandalosos. Tudo lhes serviu de armas de arremesso. Falando à maneira portuguesa, com as necessárias alterações serviu tudo, mesmo tirar olhos.
As sondagens seguiram de perto o que acontecera nas presidenciais que acompanhei ao vivo: a Senhor Clinton foi subindo com um balão cheio de gás enquanto Trump descia. A teoria dos vasos comunicantes parecia estar a funcionar correctamente e o candidato do partido Republicano via alguns dos seus correligionários abandonar o barco em vias de naufrágio.
Mas eis que inopinadamente o director do FBI, James Comey, um republicano, decide reabrir o já calino processo dos e-mails da ex-Secretária de Estado. Donald Trum rejubila e apela à “morte” da sua adversária, o que é tipicamente americano. Pois não é ele que defende que cada um dos seus concidadãos deve ter o direito de ter uma arma? E aqui aparece a reprise: invertem-se os resultados das sondagens. Trump passa para a frente de Hillary. Dos americanos há que esperar tudo. Uma vez em Dallas ouvi do mayor uma sentença que me deixou preocupado: In the United States who has money has power.

E se Trump ganhar as eleições?

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2 Comments:

Blogger Ilha da lua said...

Se o Trump ganhar,"os americanos devem estar loucos"...mas,possivelmente e infelizmente será um facto "who has money has the power"

4 de novembro de 2016 às 21:02  
Blogger José Batista said...

Pela minha parte, já tenho imensas saudades de Obama.

4 de novembro de 2016 às 22:26  

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