16.3.17

A República, o Sr. Duarte Pio, as figuras e os figurões de Estado

Por C. Barroco Esperança
O estranho tropismo do PR para os dedos anelares do clero compromete o carácter laico e republicano do cargo, apesar da isenção e sentido de Estado com que o tem exercido. É, aliás, o único reparo que posso e devo fazer a quem, sendo de uma família política diferente, não tenho o direito de exigir que partilhe os meus pontos de vista.
 Surpreendente é a posição dos cidadãos, ou melhor, vassalos, que ocupam ou ocuparam altos cargos da República. Refiro-me a uma petição para que fui alertado por um sólido Historiador e estimado amigo, Amadeu Carvalho Homem.
“Petição quer incluir o duque de Bragança no protocolo de Estado”. Eu julgava extintos os títulos nobiliárquicos desde a implantação da República e o Sr. Duarte Pio um mero ornamento das revistas do coração, sem prejuízo do humor que o ridículo produz.
 Acontece que pessoas tidas por normais, algumas com farta erudição e aparentemente saudáveis, são subscritoras de tão idiota petição num regime cuja irreversibilidade é exigência da Constituição que alguns deles juraram.
Não me interessa a progenitura do Sr. Duarte Pio, improvável Bragança, e desculpo-o do orgulho que exibe na ascendência miguelista de má memória.
 O que não desculpo é a afronta da introdução na hierarquia do Estado de um furúnculo legado por via uterina e o demente desejo de alterar o protocolo de Estado com adereços vitalícios e sem legitimidade democrática. Querem alterar a legislação de 2006 porque há algumas dificuldades protocolares quando o sr. Duarte Pio é convidado para eventos. Então por que motivo e a que título o convidam?
 Que o presidente da Câmara do Porto espere que o façam visconde é uma inanidade que se respeita; que um fascista, Jaime Nogueira Pinto, queira a monarquia é um direito; que Paulo Azevedo, rei dos supermercados queira ser marquês, tem dinheiro para comprar o título; que Carmona Rodrigues, Diogo Feio, Nuno Melo, Telmo Correia, Mota Soares e outra tralha do CDS desprezem a República é uma honra para a República, mas que um conselheiro de Estado, Lobo Xavier, por menos recomendável que seja, e é, ou Adelino Maltez, pertencente a uma instituição respeitável, o GOL, juntem as suas assinaturas a tão más companhias só há três explicações possíveis: estão onde não devem, são miguelistas (extrema direita) ou ensandeceram.
 Ou acumulam.
 Ponte Europa / Sorumbático

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1 Comments:

Blogger opjj said...

Com tantos problemas que implicam com todos o melhor é fugir. Não se sinta mal num país tão mal frequentado.Fuja! Senão ainda apodrece sofrendo do mesmo mal.

16 de março de 2017 às 16:47  

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