4.7.19

A França, o ‘burkini’ e a laicidade

Por C. Barroco Esperança

Há dias, um grupo de mulheres muçulmanas de Grenoble, organizado pela Aliança dos Cidadãos, que luta contra a discriminação da comunidade islâmica, surpreendeu os responsáveis de uma piscina pública quando mergulhou com burkinis, fatos de banho que, como em outras regiões francesas, é proibido. Foi uma “Operação Burkini”.
Estranha-se a repressão ao exercício de um direito individual, cada um/a vestir-se como quer, mas não é por acaso que tem provocado protestos noutros países europeus e vem sendo sucessivamente proibido em França, em nome da laicidade, um valor consensual, defendido desde 1905.
Os defensores dos fatos de banho muçulmanos usam os mesmos bons argumentos com que excelentes juristas e amigos me confrontam, surpreendidos com o apoio à proibição por quem é liberal nos costumes e inflexível na defesa dos direitos individuais.
A linha estilística de fatos de banho islâmicos é um confronto com a sociedade francesa, laica e secularizada. O uso do burkini não é um ato de rebeldia feminina, é o desafio à repressão, para manter submissa a mulher, ao homem e a Alá, obedecendo à estratégia sunita das madraças e mesquitas, contra os infiéis.
O burkini é a burka de banhos públicos, o símbolo religioso da submissão da mulher, ao serviço do proselitismo. Não é um ato de rebeldia, é o repto aplaudido por muçulmanos, ostentação do comunitarismo islâmico contra o ethos civilizacional europeu. É o desafio à proibição que privilegia a cidadania contra o comunitarismo, para instigar confrontos e procurar a vitimização dos muçulmanos, que jamais tolerariam bukinis nas praias da Arábia Saudita e de outras teocracias islâmicas que subsidiam, promovem e incitam o desafio à civilização.
A proibição do burkini parece uma limitação administrativa da liberdade do vestuário da mulher, mas é a oposição à agenda política do Islão. O burkini não se destina a cobrir o corpo da mulher, direito individual, mas a exibir a submissão à religião e ao homem, e a provocar uma sociedade secularizada e cosmopolita, que o Islão combate.
Não surpreende que as mulheres francesas, laicas e liberais se tenham solidarizado com as congéneres islâmicas. Não questionam se a situação inversa seria possível nas praias de países imbecilizado pela fé, e não sabem que onde o Islão avança, recuam os direitos das mulheres.
A proibição da exibição de símbolos religiosos ostensivos é a abertura de uma janela de oportunidades para a emancipação da mulher, da religião e da tutela masculina.
Na minha opinião, é a permissividade à invasão da esfera pública pelas religiões, neste caso pelo Islão, que alimenta os demagogos, xenófobos e racistas que lentamente têm feito deslizar a Europa para posições nacionalistas e neofascistas.
Ponte Europa / Sorumbático

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Penso de outro modo. Gostaria que as mulheres muçulmanas pudessem andar com «burquinis» em quaisquer praias ou piscinas «ocidentais». Não vejo perigo nisso. Penso até que será uma forma de aquelas mulheres e (sobretudo) as suas filhas e filhos se irem (irremediavelmente) libertando... Que a liberdade, uma vez experimentada, é o melhor incentivo a que se deseje mantê-la...
Já não admito vestimentas que ocultem a face em locais onde é importante que as pessoas possam ser facilmente identificadas, por questões de segurança, por exemplo.

4 de julho de 2019 às 12:53  

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