1.5.20

Provocações democráticas do pandémico confinamento

Por Joaquim Letria
Deixem que eu aproveite este período estranho, raro, pandémico e, tirando partido do confinamento forçado, faça diversas provocações e formule questões em que o tempo livre nos permite pensar e uma natural fuga ao unanimismo nos autoriza a subentender.
Assim, deixem que pergunte se ainda fará sentido continuarmos agarrados a esta forma de liberdade que nasceu e assenta num modelo de sociedade e tem a ver com uma maneira de compreender os direitos fundamentais que pouco ou nada têm a ver com os dias de hoje.
O que vale a liberdade de Imprensa quando as gigantescas empresas transnacionais ou as pequenas sociedades locais ou regionais de comunicação social, umas e outras com labirínticas economias de escala, se enredam na discussão dos conteúdos e das relações de trabalho no interior das próprias empresas, em vez daquilo que mais importa e descartando o que mais vale?
O que se discute, o que se avalia e questiona é a capacidade de sobrevivência daqueles que vivem das estruturas submersas na implacável concentração económica das empresas de Comunicação Social, até aqui mergulhadas nas interdependências da globalização.
Se comunicar é partilhar algo comum, o acto de comunicar devia ser o mais profundo que os seres humanos têm e que é a relação entre si, aquela que existe entre nós, que nos liga  e nos enreda aos outros e àquilo e aqueles que nos interligam com a sociedade.
Não tenho qualquer dúvida que aquilo que nos liga, que mais nos aproxima e afasta é o vai-vem das notícias, levadas e trazidas por esse mensageiro que desde a Grécia antiga nos anuncia as novidades, revela aquilo que fazem os mais poderosos e os mais humildes, descreve-nos aquilo que ocorre nas maiores cidades e potências e nas mais pequenas vilas e províncias da grande megapolis que é todo o nosso planeta.
Publicado no Minho Digital

Etiquetas: