14.5.21

QUE SERÁ FEITO DO GENERAL PRADO?

Por Joaquim Letria

Ignoro se o general  boliviano na reserva e ex-dirigente destacado do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria, filiado na Internacional Socialista) Gary Prado ainda comemorará o assassínio que cometeu enquanto capitão, há 52 anos.

Desconheço também em que  âmbito o fará. Não sei se ainda o homenageiam pelos ferimentos que recebeu numa “operação de limpeza” de trabalhadores revoltados em Santa Cruz de La Sierra, de onde só passaram a chegar-nos resumos de importantes jogos de futebol da Copa América…

É natural que o general Prado ainda hoje finja retirar importância à rajada célebre que o deixou na História e que disparou há 52 anos sobre aquele prisioneiro desarmado, indefeso, ferido, médico de profissão, revolucionário por convicção, utópico por coração, argentino por nascimento, Ernesto por baptismo, “El Che” por alcunha e Guevara por apelido. 

“O caso Guevara foi um pequeno episódio tornado famoso pela propaganda” diria modestamente, mais tarde, o general Prado que naquela altura não passava de capitão, tal como assim era quando pela primeira vez ouvi falar dele em La Higuera, quando aí me mandaram fazer reportagens, andava eu pela Bolívia, ainda antes de ter a oportunidade de entrevistar o Presidente da Bolívia, General René Barrientos.

Às vezes as utopias, os sonhos, os pesadelos, as mentiras e as verdades, e as vidas dos outros e a de nós próprios assaltam-nos de noite a memória, tal como me aconteceu agora com o general Prado. Que será feito dele?!

Publicado no Minho Digital

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