«Acontece… »
Pronto, pronto…
mas ao menos
por favor
digam “gê”
como em GNR, sim?
PRATICO o consumo de futebol como o dos meus outros prazeres da vida – com moderação, para não estragar o gozo.
Se caio em excessos – e às vezes acontece – perco o prazer, vai-se o gozo e pago sempre uma factura pesada.
Tanto digo isso do futebol, como do meu vinho alentejano favorito, do meu whisky irlandês ou dos pastéis de bacalhau da minha sogra, que são o melhor pitéu da gastronomia mundial.
Usados com termos e maneiras são delícias, mas abusados dão cabo dos nossos dias.
Isto para dizer aos meus colegas e amigos editores da informação desportiva das televisões e rádios que me andam a estragar os dias.
Há noticiários de futebol a mais, demasiadamente a mais, e até alguns deles emitidos em cima uns dos outros, nas minhas rádios de escolha.
E a gente vai a ver (ou a ouvir), e o que é que lá vem?
Que o joelho do Gaspar continua estragado, o Kamal parece que não joga amanhã, o Pató chegou atrasado aos trabalhos, diz-se que o Frosques vai ser vendido ao Manchester.
E mais isto, e mais aquilo, e o treino correu normalmente, e o treinador diz que nunca se deve estar demasiado confiante antes dos jogos, e blá-blá e blá-blá.
Cá na minha, fora dos relatos dos jogos, 70 por cento dos conteúdos desportivos na rádio e televisão não trazem pinga de novidade, interesse ou importância.
Cá na minha, se os editores eliminassem inutilidades, futilidades, declarações bacocas ou vazias, repetições rotineiras do óbvio, “bocas” que não interessam nem ao menino Jesus e repetições de imagens já vistas dúzias de vezes – isto é, se a edição jornalística fosse severa, exigente e rigorosa na selecção do que é ou não é notícia, do que merece ou não merece ocupar antena, do que vai ou não vai informar realmente o auditório, haveria bem menos ruído e bem mais qualidade informativa.
E bem menos programas a encher tempo inútil.
Mas isso é cá na minha…
Pois, mas quando digo isto aos meus amigos editores, eles fazem cara feia (ou, pior, um sorrisito de ironia, pobre coitado não percebes mesmo nada destas coisas) e atiram-me com as audiências e as correspondentes receitas publicitárias.
Ó pá, isso é o que está a dar, a malta curte essas coisas e quanto mais houver, mais curte – dizem-me.
Eu pergunto como é que eles sabem que a malta curte mesmo o joelho do Gaspar, e eles respondem que sabem porque sabem.
E aí, pronto, fico todo encolhido como quando a minha mãe me trazia óleo de rícino, explicava que era mesmo bom, e eu lá tinha de o engolir.
E calar.
Mas há uma que não vou calar, tenham paciência: essa de alguns colegas meus da televisão e rádio pronunciarem errada e repetidamente mal a letra “G” (a letra do Grupo onde o sorteio do Mundial colocou a França, a Suíça, a Coreia do Sul e o Togo).
Todos sabemos que GNR se diz “Gê Éne Érre”, não é?
Então porque é que alguns jornalistas pronunciam “guê”?
Não me julguem precioso.
Fiz o meu trabalhinho e fui aprender aos dicionários (no caso, os Dicionários Michaelis, Cândido de Figueiredo e Houaiss) e lá está, direitinho e clarinho, que a letra “G” se chama “gê”.
É que as letras têm nomes.
Cada letra tem o seu nome próprio: o “B” chama-se “bê” e o “G” chama-se “gê” e não “guê”.
… E como já só nos vamos ler outra vez depois das Festas desejo-lhe, leitor, um Grande Natal e um Grande 2006. Com dois grandes “Gês” !
(Adapt. de "Ripa na Rapaqueca")
mas ao menos
por favor
digam “gê”
como em GNR, sim?
PRATICO o consumo de futebol como o dos meus outros prazeres da vida – com moderação, para não estragar o gozo.
Se caio em excessos – e às vezes acontece – perco o prazer, vai-se o gozo e pago sempre uma factura pesada.
Tanto digo isso do futebol, como do meu vinho alentejano favorito, do meu whisky irlandês ou dos pastéis de bacalhau da minha sogra, que são o melhor pitéu da gastronomia mundial.
Usados com termos e maneiras são delícias, mas abusados dão cabo dos nossos dias.
Isto para dizer aos meus colegas e amigos editores da informação desportiva das televisões e rádios que me andam a estragar os dias.
Há noticiários de futebol a mais, demasiadamente a mais, e até alguns deles emitidos em cima uns dos outros, nas minhas rádios de escolha.
E a gente vai a ver (ou a ouvir), e o que é que lá vem?
Que o joelho do Gaspar continua estragado, o Kamal parece que não joga amanhã, o Pató chegou atrasado aos trabalhos, diz-se que o Frosques vai ser vendido ao Manchester.
E mais isto, e mais aquilo, e o treino correu normalmente, e o treinador diz que nunca se deve estar demasiado confiante antes dos jogos, e blá-blá e blá-blá.
Cá na minha, fora dos relatos dos jogos, 70 por cento dos conteúdos desportivos na rádio e televisão não trazem pinga de novidade, interesse ou importância.
Cá na minha, se os editores eliminassem inutilidades, futilidades, declarações bacocas ou vazias, repetições rotineiras do óbvio, “bocas” que não interessam nem ao menino Jesus e repetições de imagens já vistas dúzias de vezes – isto é, se a edição jornalística fosse severa, exigente e rigorosa na selecção do que é ou não é notícia, do que merece ou não merece ocupar antena, do que vai ou não vai informar realmente o auditório, haveria bem menos ruído e bem mais qualidade informativa.
E bem menos programas a encher tempo inútil.
Mas isso é cá na minha…
Pois, mas quando digo isto aos meus amigos editores, eles fazem cara feia (ou, pior, um sorrisito de ironia, pobre coitado não percebes mesmo nada destas coisas) e atiram-me com as audiências e as correspondentes receitas publicitárias.
Ó pá, isso é o que está a dar, a malta curte essas coisas e quanto mais houver, mais curte – dizem-me.
Eu pergunto como é que eles sabem que a malta curte mesmo o joelho do Gaspar, e eles respondem que sabem porque sabem.
E aí, pronto, fico todo encolhido como quando a minha mãe me trazia óleo de rícino, explicava que era mesmo bom, e eu lá tinha de o engolir.
E calar.
Mas há uma que não vou calar, tenham paciência: essa de alguns colegas meus da televisão e rádio pronunciarem errada e repetidamente mal a letra “G” (a letra do Grupo onde o sorteio do Mundial colocou a França, a Suíça, a Coreia do Sul e o Togo).
Todos sabemos que GNR se diz “Gê Éne Érre”, não é?
Então porque é que alguns jornalistas pronunciam “guê”?
Não me julguem precioso.
Fiz o meu trabalhinho e fui aprender aos dicionários (no caso, os Dicionários Michaelis, Cândido de Figueiredo e Houaiss) e lá está, direitinho e clarinho, que a letra “G” se chama “gê”.
É que as letras têm nomes.
Cada letra tem o seu nome próprio: o “B” chama-se “bê” e o “G” chama-se “gê” e não “guê”.
… E como já só nos vamos ler outra vez depois das Festas desejo-lhe, leitor, um Grande Natal e um Grande 2006. Com dois grandes “Gês” !
(Adapt. de "Ripa na Rapaqueca")
3 Comments:
Haverá coisa mais previsível do que aquilo que dizem treinadores (e Cia Lda.) antes e depois dos jogos?
Claro que não há.
O que sucede é que eles falam tendo uma parede, atrás deles, forrada com anúncios; e são OBRIGADOS a isso.
Há algum tempo, um treinador recusou-se a ir debitar patacoadas nessas "missas" e FOI MULTADO, porque o contrato dele obrigava, exactamente, a esse penoso exercício!
Já não se luta "pelo direito à palavra" mas sim pelo "direito ao silêncio"!
Mas, quer o CPC goste ou não, basta ver a cara do pagode, nos cafés, a "mamar" essas bacoradas, para se ver que não tem tanta razão como eu gostaria que tivesse...
C.E.
Num país que tem 4 ou 5 publicações diárias de jornais desportivos, e que vendem como mais nenhum jornal, deve ser difícil haver' notícias'. E, em não havendo, criam-se!
Porque partilho a 100% da opinião expressa por C.P.C. e dos comentadores, só posso dizer OBRIGADA.
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