A esperteza-saloia
ESTA chico-espertice (transferir presos de um local para outro para poder garantir que não estão no primeiro) tem todo o aspecto de ter saído da cabecinha de G. W. Bush; faz lembrar uma cena do «D. Quixote» - quando Sancho Pança administrava justiça na sua ilha:
(...) Perante o governador da ilha Baratária, Sancho Pança, apresentam- se dois anciões, um dos quais trazia uma cana por báculo, e o sem bordão disse:
- Senhor, a este bom homem emprestei há dias dez escudos de ouro, do bom, para dar-lhe prazer e fazer boa obra, com a condição de que mos devolvesse quando lhos pedisse. Passaram-se muitos dias sem que eu reclamasse, para o não colocar em maior necessidade, por mos devolver, mais do que a que ele tinha quando eu lhos emprestei. Pareceu- me, porém, que se descuidava na paga e reclamei-os uma e muitas vezes. Nega-se, contudo, a pagar-me e diz que nunca lhe emprestei tais dez escudos e, se os emprestei, já os devolveu. Não tenho testemunhas, nem do pagamento, porque não me pagou. Quereria que vossemecê o fizesse prestar juramento; se jurar que me pagou, perdoo-lho a dívida, perante os homens e perante Deus.
(Ver o fim da rábula em «Comentário-1»)
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Perante Sancho Pança, o governador da ilha Baratária, apresentam-se dois anciões, um dos quais trazia uma cana por báculo, e o sem bordão disse:
-Senhor, a este bom homem emprestei há dias dez escudos de ouro, do bom, para dar-lhe prazer e fazer boa obra, com a condição de que mos devolvesse quando lhos pedisse. Passaram-se muitos dias sem que eu reclamasse, para o não colocar em maior necessidade, por mos devolver, mais do que a que ele tinha quando eu lhos emprestei. Pareceu-me, porém, que se descuidava na paga e reclamei-os uma e muitas vezes. Nega-se, contudo, a pagar-me e diz que nunca lhe emprestei tais dez escudos e, se os emprestei, já os devolveu. Não tenho testemunhas, nem do pagamento, porque não me pagou. Quereria que vossemecê o fizesse prestar juramento; se jurar que me pagou, perdoo-lho a dívida, perante os homens e perante Deus.
-Que dizeis a isso, bom velho do báculo?-Perguntou Sancho.
A isso respondeu o velho:
-Eu, senhor, confesso que ele mos emprestou. Baixe vosmecê essa vara, pois, como ele confia em meu juramento, jurarei como os devolvi e paguei, real e verdadeiramente.
Baixou o governador a vara e, entretanto, o velho do báculo entregou a cana a outro velho, para que a segurasse enquanto jurava, pois o embaraçava muito. Em seguida pôs a mão sobre a cruz da vara, dizendo ser verdade haverem-lhe emprestado aqueles dez escudos que lhe reclamavam; ele os havia devolvido, de mão para mão, e era por não se lembrar disso que de vez em quando voltava o credor a pedi-los. Vendo isso, o grande governador perguntou ao credor que respondia ao afirmado por seu oponente. Disse ele que, sem dúvida alguma, seu devedor estava dizendo a verdade, pois o considerava homem de bem e bom cristão; ele, por certo se esquecera de como e quando os havia recebido. Tornou o devedor a tomar seu báculo e, baixando a cabeça, saiu. (...)
Sancho esteve pensativo por algum momento. Em seguida, mandou chamar o velho do bordão, que já se fora.
-Dai-me, bom homem, esse báculo, pois preciso dele.
-De muito boa-vontade-respondeu o velho-Ei-lo aqui, senhor.
E colocou a cana na mão. Apanhou-a Sancho e, dando-a ao outro velho, disse:
-Ide com Deus que já estás pago.
-Eu, senhor?-Redarguiu o velho-Pois esta cana vale dez escudos de ouro?
-Sim-disse o governador-E se não valer sou o maior asno do mundo. E agora se verá se tenho ou não miolos para governar todo um reino.
E mandou que, ali, diante de todos se quebrasse e abrisse a cana. Assim se fez, e dentro dela foram achados dez escudos de ouro. Ficaram todos admirados e tiveram seu governador por um novo Salomão.
FRANCHISING...
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CIA tem prisão secreta no Norte de África
Mapa americano da deslocalização da tortura marca visita de Rice à Europa
Agora que todos os dias surgem notícias de mais um país europeu onde terão passado aviões da CIA com detidos suspeitos de terrorismo, a polémica vira-se para África. Para uma zona desértica do Norte de África, mais concretamente. Para ali, como noticiou a cadeia de televisão americana ABC, terão sido transferidos à pressa, há um mês, 11 presumíveis membros da Al-Qaeda que se encontrariam detidos na Europa de Leste. Objectivo evitar que o assunto ensombrasse o actual périplo europeu de Condoleezza Rice.
Mas, como, na segunda-feira à noite, a ABC não especificou qual o país do Norte de África que terá cedido o seu território para esta pouco pacífica operação, as autoridades marroquinas saíram já a terreiro para se demarcarem. Isto, apesar de, a 12 de Novembro, o semanário marroquino El Watan ter já noticiado que a base aérea de Salé, não longe de Rabat, terá feito parte, entre Dezembro de 2002 e Fevereiro de 2005, do roteiro de deslocalização da tortura gizado pelos EUA. Isto é, naquele período vários aviões da CIA aterraram em Salé.
Rice nem comenta. Apesar de a Administração americana estar visivelmente na berlinda, a secretária de Estado optou pelo contra-ataque, em vez de ficar na defensiva. Por isso, antes de partir, alertou os países europeus para "as escolhas difíceis com as quais se confrontam os Governos democráticos" na luta global contra o terrorismo e aconselhou-os a não passarem para "o domínio público" todas "as informações sensíveis". Ontem, em Berlim, onde se encontrou com a chanceler alemã, Angela Merkel, reiterou a mensagem, garantindo que a América "respeita a soberania dos seus parceiros". Ao que Merkel respondeu assim "Devemos aderir aos princípios democráticos e às regras que presidem aos nossos compromissos, assegurando-nos que os nossos serviços de informações podem realmente fazer o seu trabalho."
Longe, em Washington, o Presidente americano, George W. Bush, também foi interpelado pelos jornalistas a propósito desta polémica e afiançou o seguinte "Nós não transferimos presos para países onde se pratica a tortura. Esta sempre foi e continuará a ser a nossa política."
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http://dn.sapo.pt/2005/12/07/internacional/cia_prisao_secreta_norte_africa.html
Freitas do Amaral pediu DUAS semanas (!!) para responder a este assunto...
Só no próximo dia 13 é que vai dar (dará?) respostas.
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«DN» de hoje:
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Portugal visitado 25 vezes por aviões da CIA em 2005
O Sudão foi um dos destinos favoritos dos aviões da CIA que passaram pelo Porto
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Aviões da CIA, relacionados com as operações clandestinas de rapto e sequestro que os serviços de informações dos EUA têm vindo a efectuar na Europa, fizeram 17 escalas em Portugal desde 12 de Março, data em que o Executivo de José Sócrates foi empossado.
O número destas "escalas técnicas" poderá, no entanto, ser muito superior. Quanto mais não seja porque outros dados obtidos pelo DN contabilizam mais oito passagens entre os dias 1 de Janeiro e 12 de Março, elevando assim para 25 o número de aterragens e descolagens efectuadas por aviões da CIA em Portugal, ao longo de 2005.
O que significa que o último aparelho da CIA detectado em território nacional poderá ter sido o C-130, registado em nome da Tepper Aviation, que passou pelo aeroporto das Lajes a 28 de Novembro.
No dia seguinte, e como a TSF noticiou na altura, o aparelho, que ostenta a matrícula N8183J, deixou os Açores com destino às Bermudas, tendo sido o único aparelho ao serviço da CIA a ser inspeccionado em Portugal. Um procedimento que, não sendo obrigatório, salvo nos casos em que existam entradas ou saídas de passageiros ou de carga, poderia ter sido accionado pelas autoridades portuguesas, tendo em conta as suspeitas que recaem sobre meia centena de aparelhos em toda a Europa.
E, apesar de não existirem até agora quaisquer indícios que apontem para a hipótese de algum dos raptados ou sequestrados pela CIA ter passado pelo nosso país, o facto é que nos últimos três anos os aeroportos nacionais foram visitados 59 vezes por aparelhos ao serviço de empresas ou de operadores relacionados com a CIA. Como a Aero Contractors, a Bayard, a Richmor Aviation, a Jeppesen Dataplan, a Devon Holding & Leasing, a Path Corporation, a Rapid Air, a Keeler and Tate Management ou a Stevens Express Leasing.
Como o DN revelou anteriormente, só no período compreendido entre Junho de 2002 e Julho de 2004, Portugal viu passar pelos seus aeroportos 34 voos suspeitos, incluindo aviões referenciados como tendo transportado alguns dos suspeitos raptados.
De acordo com os dados obtidos pelo DN, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e os aeroportos de Ponta Delgada e das Lajes, nos Açores, continuam a ser os locais preferidos no País pelos aviões da CIA, que nos últimos meses tem sido acusada de manter sob custódia ilegal várias pessoas suspeitas da prática de actos terroristas.
Prisões. Algumas dessas pessoas teriam sido raptadas e mantidas sob sequestro em diversos pontos do globo e posteriormente transportadas em voos clandestinos para uma das oito prisões secretas que os serviços de informações dos EUA manteriam fora do território norte-americano, de acordo com as revelações do Washington Post.
Revelações feitas na véspera do périplo europeu que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, está a efectuar, e que vão ao encontro das informações que têm surgido na Alemanha, em França e no Reino Unido, apontando para a forte possibilidade de os aparelhos da CIA ou fretados por empresas relacionadas com a Agência Central de Informações dos EUA poderem ter efectuado mais de 800 escalas em solo europeu desde o dia 11 de Setembro de 2001, data dos atentados de Nova Iorque.
De especial significado no que respeita a Portugal são as escalas efectuadas pelo Boeing 737, propriedade da Keeler and Tate, com a célebre matrícula N4476S.
Desde o início deste ano, este aparelho - também referenciado pelo JN e pela Focus - passou cinco vezes pelo Porto em Abril (duas vezes), em Julho e em Setembro (outras duas vezes). Tendo sempre a mesma origem e destino: Cartum, capital do Sudão.
Destinos. O mesmo avião, que já ostentou a matrícula N317P, passou também por Santa Maria, nos Açores, noutras duas ocasiões. Em Abril, proveniente dos Estados Unidos e em trânsito para Adis- -Abeba, na Etiópia, e em Maio, altura em que interrompeu a viagem entre Amã, na Jordânia, e o Aeroporto Allen Dulles, em Washington DC.
Igualmente suspeita parece ser a escala efectuada no Porto, no dia 5 de Novembro, pelo Gulfstream N1HC, que pertence à United States Aviation. Proveniente dos EUA, o aparelho descolou pouco depois de ter aterrado no Aeroporto Sá Carneiro com destino a Constança, na Roménia, um dos dois países europeus onde poderão ter existido algumas das prisões secretas da CIA. As mesmas que a cadeia de televisão ABC News admitia ontem poderem ter sido encerradas, e transferidas para o Norte de África, pouco antes de Condoleezza Rice chegar ao Velho Continente.
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http://dn.sapo.pt/2005/12/07/nacional/portugal_visitado_vezes_avioes_cia_2.html
«Desculpem lá, foi engano...»
A propósito do indivíduo que a CIA raptou em Itália:
United States has admitted making a mistake in the case of a German national who claimed he was wrongfully imprisoned by the CIA.
http://www.cnn.com/2005/WORLD/europe/12/06/germany.rice.ap/index.html
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