19.1.06

E será que, ao menos, sabe comer à mesa?

ANTIGOS colegas de liceu que a vida separou e o destino empurrou para extremos opostos, António e Gonçalo mantêm (insensatamente?) o hábito de jantar juntos todos os dias 15, no Leão d' Ouro.

É impossível ler hoje este livro sem recordar de imediato as inúmeras observações de Mário Soares em desprimor de outro António - de tal forma elas parecem inspiradas neste romance de Luís de Sttau Monteiro.

Quando, nos anos 60, o li pela primeira vez, a personagem que faz o papel de snob-de-serviço (achincalhando António) provocou-me uma náusea que agora (no decorrer de uma segunda leitura) ressuscitou - e em duplicado, vá lá perceber-se porquê!

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(Transcrito no "Abrupto", incl. a imagem, em 23 Jan 06)

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ao querer achincalhar Cavaco em público, Soares mostra bem quem é.

Não é o "Senhor" que nós julgávamos, mas um homem azedo que não olha a meios para atingir os fins.

19 de janeiro de 2006 às 18:27  
Blogger ""#$ said...

Apesar de não ter lido o livro, percebi a mensagem subjacente a este post e ,creio que percebi o
porquê de a sua "irritação" actual com o snobismo por "transferência" feito pelo candidato soares; sobre o candidato cavaco ter duplicado.

Admira-me não ter centuplicado.

Pessoalmente acho que o candidato cavaco é um básico do mais básico e provinciano que existe, e poderia ter sido inventado,um contabilista de folha azul de 25 linhas, mas, apesar desse mau karma do esteta de boliqueime considero, considero que nunca na vida deveria ser autorizada a existir uma campanha eleitoral que
tivesse UNICAMENTE como objectivo o de dizer que o candidato cavaco é culturalmente pobre
e não aprecia poesia; pinturas à aguarela, livros de escritores de palop´s,recitais de ópera grega, etc e tal, enquanto que o candidato soares é humanista,lê os sonetos de camões todas as noites antes de deitar, divaga ruminado sobre a alter globalização enquanto lava os dentes,enfim,um moderno da vinci portugues;
e mais não sei o quê.

Ou seja:propostas do candidato soares enquanto PR?
ZERO.

Apenas dizer aos portugueses que quer estraçalhar, defenestrar, torturar cavaco.
É pouco.
Muito pouco.
Nomeadamente, para alguém que já foi PR duas vezes.

Cavaco devia ter sido "combatido" de uma outra maneira - em vez
disso - deram-lhe o espaço para jogar da forma que ele e os que estão por detrás dele (não esquecer) queriam.
E, ainda pior, deram-lhe tempo para isso.
Agora queixam-se de quê?

Voltando atrás: a sua irritação é a mesma que a minha, embora a minha ainda se amplifique e espalhe por outras coisas.

Não me posso esquecer,a titulo pessoal, que os apoiantes de
soares, que enchem à boca cheia que são os defensores designados da democracia e das boas maneiras à mesa,foram os mesmos que me censuraram no blog
www.bichos-carpinteiros.blogspot.com/
Se fosse só eu a ter sido censurado, podia dar-se o caso de ser apenas uma
antipatia pessoal...um snobismo, mas não.
Outras pessoas viram comentários apagados e nem todas assinavam como "anonymous".
O meu colega de blog,o cão rafeiro também teve comentários riscados; apagados, desaparecidos em combate misteriosamente.

E isso não me esqueço:não suporto democratas de fachada ,nem candidaturas democráticas de fachada.
Mesmo sendo eu um zé ninguém, um cidadão anónimo, um micro ponto na blogosfera; não admito que me tomem por parvo e - desculpe -me lá o desabafo e a franqueza - mas esta candidatura de soares
toma os portugueses todos por parvos.
Já não falo no vazio,no imenso abismo negro que aquela candidatura cria, em que cheira a algo passadista e requentado(como o arroz) e que apenas serve para preencher o ego imenso do sr soares e respectivos
apoiantes(ou deverei dizer vassalos?).

Misturado,evidentemente,com o snobismo referido a propósito da história referida relacionado com o livro de stau monteiro.

19 de janeiro de 2006 às 19:32  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Retomando o livro:

Quase no fim do romance, o "fino", para mostrar que o outro não tem nível, manda vir, durante o jantar no Leão d' Ouro (que, por sinal, veio a ser o derradeiro), comidas esquisitas, para confrontar António com coisas que ele não soubesse comer (lagostins, espargos, perdizes...)

Hoje em dia, lê-se o livro com distanciação (foi escrito em 1961).
Mas na altura lembro-me que me revoltou bastante, e fiquei a odiar os que, como o "fino", se preocupam a amesquinhar os outros.

Soares, para meu recente espanto (mas por seu exclusivo "mérito" ), entrou nesse rol de pessoas que agem ignobilmente.

19 de janeiro de 2006 às 20:55  
Blogger cãorafeiro said...

é como a fábula da raposa e da cegonha!!!!!

20 de janeiro de 2006 às 20:05  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Na fábula da raposa e da cegonha havia apenas a esperteza-saloia para ficar com a comida toda.

No livro de Sttau Monteiro, Gonçalo decide envergonhar e destruir António, humilhando-o em público com a mesma atitude vergonhosa de Soares.

O livro é barato, lê-se numa noite e é um clássico a não perder.

Apesar de tudo tem algum humor.

21 de janeiro de 2006 às 19:12  

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