3.5.06

A síndrome da pulga grávida

SE ALGUÉM for contemplado com uma pulga cheia de ovos, é fatal como o destino: ou a mata antes de ela desovar, ou verá, em breve, o seu problema multiplicado por mil.

E é desse facto que vem a jocosa expressão «síndrome da pulga grávida» - que caracteriza situações do género das que se passam com as marquises de alumínio, os arrumadores de automóveis, a caca de cão nos passeios, as casas clandestinas e o caos do trânsito: as autoridades, quando podiam e deviam ter reprimido essas ilegalidades (no início), não o fizeram; agora, mesmo que o queiram, não conseguem.

Uma vez por outra, quando o escândalo da impunidade atinge proporções maiores, já se sabe: há um legislador qualquer que sai do seu torpor e - PIMBA! - aumenta as multas e vira-se para o outro lado...

No caso do Código da Estrada, talvez pudesse ostentar a etiqueta que alguns meios católicos querem aplicar a um outro código, o DA VINCI: «Obra de ficção».
Mas, pensando bem, também não é necessário - toda a gente sabe isso.
(Este texto veio a ser publicado no «DN» de 9 Maio 06)
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Actualização (Julho 2008): o bloqueio dos camionistas (com a sua meia-dúzia de "autos" que vão dar o que se sabe) e a impunidade reinante na Quinta da Fonte (a juntar às criminosas descargas das suiniculturas, das casas de férias em zonas de domínio público, etc) são apenas a continuação.