2.7.06

A b’ OTA e a perdig’ OTA (*)

A PROPÓSITO da bem-vinda revitalização da Av. de Roma, em Lisboa, o «Público-Local» do passado dia 23 mostrava uma fotografia onde, sem que se chamasse a atenção para o facto, se via uma meia-dúzia de carros estacionados em local de paragem proibida. Infelizmente, o estacionamento selvagem e impune é o maior cancro da zona, muito bem servida de estacionamentos subterrâneos... completamente «às moscas».
A qualquer hora do dia ou da noite há uma verdadeira orgia de carros em cima dos passeios, nas paragens de autocarros, nas praças de táxis, nas passadeiras para peões e nos corredores BUS - perante o alheamento da EMEL (a quem não compete a gestão de tais espaços) e a manifesta impotência da Polícia Municipal e da Divisão de Trânsito da PSP.

Quando vejo o desespero de cegos, paraplégicos, idosos, inválidos ou pessoas com carrinhos de bebé (forçados a circular pelas faixas de rodagem), lembro-me sempre daqueles autarcas que se queixam de que o novo aeroporto da OTA, por ser demasiado longe, pode ser prejudicial para o turismo lisboeta.

No entanto, eu, que já corri meio-mundo, posso garantir que o que me faz fugir de uma determinada cidade tem muito mais a ver com o lixo, a mendicidade profissional, a segurança, o trânsito caótico ou - como aqui refiro - o estacionamento selvagem. Quando se pretende que uma cidade seja um destino turístico e se desprezam esses aspectos... «não diz a b’OTA com a perdig’OTA»!


(*) Publicado no «PÚBLICO-Local Lisboa» em 30 Jun 06

(Foto «DN»)