A chuva de Quételet (*)
A CHUVA de estrelas que se observa todos os anos em meados de Agosto é um evento a que muitos veraneantes estão habituados. Nesta altura, há sempre algumas noites em que os observadores atentos notam caírem muito mais meteoros do que o usual. Chegam a ser duas, cinco, ou mais por minuto.
Mas nem sempre esse facto foi conhecido e o fenómeno não era considerado interessante para a astronomia.
Tudo mudou a partir de 1836, quando vários observadores notaram a regularidade da chuva de estrelas de Agosto. Mas houve um que parece ter-se adiantado a todos os outros. Foi um estatístico, o belga Adolphe Quételet (1796–1874), que ainda hoje é mais conhecido pelo seu conceito de «homem médio» e pelo índice de obesidade que leva o seu nome do que pelas suas descobertas astronómicas.
Como bom estatístico que era, Quételet fez muitas contas e reparou na regularidade desta chuva de estrelas. Não a explicou — e habitualmente a estatística não explica a realidade, limita-se a descrevê-la. Mas essa descrição é um ponto de partida para as explicações físicas. Foi o que então aconteceu. Notando a regularidade da chuva de Agosto, os astrónomos estudaram-na melhor e perceberam que os meteoros pareciam radiar de um ponto do céu. Repararam depois que esse ponto celeste é aquele que aponta na direcção do movimento da Terra nesse momento. E perceberam que a origem dos meteoros são poeiras situadas no espaço. Naturalmente, repete-se sempre que a órbita da Terra a leva ao mesmo local.
A chuva de estrelas de Agosto e outras igualmente regulares estão muito bem estudadas.
(*) Adaptado do EXPRESSO
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