A histerese da barba

Foi uma revolução no barbear porque as lâminas duplas são realmente melhores. Elas tiram partido de um fenómeno peluginoso descoberto pelo investigador da Gillette. O fenómeno dá pelo estranho nome de histerese e tem sido muito estudado em física, economia e outras ciências. Tem esse nome por inspiração no vocábulo grego «husterēsis», que significa falta ou atraso.
O que Welsh descobriu foi que a barba se atrasava a recolher-se. Ora quando uma lâmina passa por um pêlo da barba puxa-o ligeiramente para fora e corta-o. Fica de fora uma parte do pêlo que foi arrastada pela lâmina. Se outra lâmina se seguir à primeira, encontra parte do pêlo ainda fora do poro e corta-o. Dessa forma, quando o pêlo duplamente cortado se recolhe completamente, não fica à face da pele e sim recolhido. A barba fica mais bem feita. Diz-se que o pêlo se comporta histereticamente porque demora a recolher-se depois de ter sido puxado. Como demora cerca de um oitavo de segundo a voltar à posição original, lâminas afastadas 1,5 mm, conseguem cortar duplamente um pelo desde que se desloque o instrumento a velocidade superior a 12 mm por segundo. É preciso ser muito preguiçoso para não aproveitar a histerese da barba.
Adaptado do «Expresso»
Etiquetas: NC
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home