2.12.06

Está tudo inventado...

A ÚNICA (mas grande...) vantagem de sermos um país atrasado é podermos beneficiar das experiências dos mais adiantados - o que deve ser feito a toda a hora e sem complexos.
A obsessão de inventar a roda, associada à mania de desfazer tudo o que os anteriores responsáveis fizeram antes, leva-nos aonde se sabe...
Como não podia deixar de ser, também o problema das aulas-de-substituição já foi estudado e resolvido em muitos países.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Escolas


Helena Garrido («DN»

Vale sempre a pena visitar os vizinhos para nos conhecermos melhor.

A perplexidade com que os responsáveis pela Educação em Espanha, Itália e Irlanda responderam às perguntas do DN sobre a existência de aulas de substituição revela bem o atraso em que estamos e a irracionalidade de combater esta iniciativa.

Obviamente que, como diz quem fala em nome da Itália, a escola tem a obrigação de acompanhar os alunos desde a entrada à saída. Como podem os professores considerar que não é assim ou, se assim é, que nada têm a ver com isso? Só um tempo demasiado longo, durante o qual as autoridades abandonaram a escola à sorte de ser dirigida por profissionais voluntaristas, é que pode explicar a falta de consciência da responsabilidade de um professor.

Sem estas recentes orientações, há muito que muitas escolas se organizaram para assegurar a ocupação dos tempos livres dos alunos. São espaços que representam mais que a soma das horas de aula, que não se limitam a ser um edifício onde autómatos entram e saem debitando matérias.

Quem está contra as aulas de substituição parece defender um depósito de crianças e adolescentes e não uma escola. E esperemos que alguns não tenham caído na tentação de manipular os seus alunos contra uma iniciativa que há muito devia ser uma regra. As manifestações de crianças e adolescentes causam, por vezes, grande estranheza.

Qualquer professor sabe que há uma infindável lista de actividades que pode desenvolver com os jovens. Um professor que ensina Português não pode substituir a aula de Matemática? Provavelmente não. Mas pode aproveitar esse tempo para ensinar Português.

E a escola? Pode com certeza desenvolver actividades que funcionam em contínuo para onde se deslocam os alunos que ficaram com um "furo". Tanto que se pode fazer. É só querer.

Porque não querem os professores, ou pelos menos alguns, os que se manifestam contra? É difícil perceber. Uma das hipóteses é esta posição contra as aulas de substituição ser apenas uma forma de reivindicação salarial. Os professores podem considerar que não são pagos para isso. Mas não têm razão.

Se a remuneração dos professores estivesse ligada aos resultados, nem aumentos salariais deveriam existir, pelo menos para alguns. É tempo de quem ensina assumir também as suas responsabilidades pelo estado da educação dos portugueses.

2 de dezembro de 2006 às 08:28  
Anonymous Anónimo said...

É interessante verificar como o anónimo acima se "esquece" de um aspecto essencial na notícia do DN: que os professores nos países desenvolvidos citados no artigo SÃO PAGOS pelas aulas de substituição, que leccionam fora da sua componente lectiva semanal e que são, por isso, HORAS EXTRAORDINÁRIAS. Em Portugal não vigora esse regime, mas de um modo geral a comunicação social não dá relevo a essa disparidade. É por isso que os professores questionam o modelo, não as aulas de substituição em si mesmas, que desde há muito deviam ter sido implementadas e estavam previstas no anterior ECD.
Os professores não são escravos. Se há sectores da nossa sociedade que aceitam bovinamente trabalhar sem receber o que é devido, estamos no mau caminho. E se, como defende o anónimo acima, os salários dependessem dos resultados, estou certo que a esmagadora maioria dos detentores de cargos políticos ficaria numa situação financeira deveras embaraçosa. Convém não esquecer que os professores são executantes das políticas educativas DESASTROSAS, elaboradas por alguns (ir)responsáveis que passaram e passam pelo Ministério da Educação, mas a esses ninguém pede contas, nem pedirá. Atacar os professores é, em boa parte, matar o mensageiro por causa da má notícia.
A terminar: leram no artigo do DN qual é a carga LECTIVA semanal de um professor em Itália? DEZOITO HORAS. Dezoito horas a leccionar as suas turmas. É claro que o seu horário de trabalho é, como em Portugal, de 35 horas (embora muito melhor remunerado). Ou pensarão os anónimos comentadores que as aulas se preparam a si próprias, os testes se elaboram e se corrigem por graça divina, as diferentes tarefas a desempenhar na escola surgem do nada?

2 de dezembro de 2006 às 08:53  
Anonymous Anónimo said...

Jorge,

O "anónimo" não se esqueceu nem deixou de se esquecer. Teve apenas a gentileza de transcrever na íntegra o artigo referido no "post".

Pode dizer-se que a autoria do (texto do) comentário é de Helena Garrido.

2 de dezembro de 2006 às 09:03  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Os leitores habituais deste blogue sabem que é frequente (quando, no "post", há apenas indicação de títulos e de "links" de notícias) fazer a transcrição (SEM COMENTÁRIOS) do texto em causa.

Quando se trata de textos muito longos, isso é feito em «Comentário-1»

Evidentemente, não se trata de nenhuma "gentileza", mas sim de uma forma simples de permitir que quem faz os comentários subsequentes tenha sempre à vista o texto a que se refere.

2 de dezembro de 2006 às 09:31  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Este assunto das aulas-de-substituição também foi abordado aqui em:

http://sorumbatico.blogspot.com/2006/11/sim-mas.html

e em:

http://sorumbatico.blogspot.com/2006/11/tudo-se-resolve.html

No entanto, como os "posts" mais antigos são cada vez menos lidos, qualquer comentário a seu respeito talvez fique melhor aqui.

3 de dezembro de 2006 às 08:54  
Anonymous Anónimo said...

Ai Helena, Helena!
Pois claro que uma das razões (entre outras) pelas quais os profs são contra as aulas de substituição é o facto de elas não serem pagas. Mas que mania esta de se pensar que a docência é uma missão ou um trabalho de voluntariado.Não é!
Se para além do meu horário lectivo, eu dou mais aulas, terei de ser pago, certo?

3 de dezembro de 2006 às 17:19  
Anonymous Anónimo said...

Claro que o trabalho deve ser pago.

Inclusivamente, faz parte da sua "definição": «Actividade remunerada, penosa e útil».

A recomendação «Executa o teu trabalho com o mesmo prazer com que o farias se não precisasses do dinheiro que ele te dá» é bonita mas não aplicável nos tempos de hoje...

3 de dezembro de 2006 às 20:40  

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