27.2.07

O TROVÃO E O RAIO

NUMA TROVOADA, vêem-se primeiro os relâmpagos e só depois se ouve o trovão. A velocidade da luz é cerca de 300 000 quilómetros por segundo, pelo que, na prática, podemos considerar que não há atraso entre o momento da descarga eléctrica e o momento em que vemos o relâmpago. Mas o som propaga-se no ar a cerca de 340 metros por segundo, pelo que o trovão nos chega depois do relâmpago, apesar de ter sido gerado praticamente em simultâneo. O número de segundos entre o momento em que vemos o relâmpago e o momento em que ouvimos o trovão permite-nos pois calcular a distância da tempestade: multiplica-se esse número por 340 e encontra-se, em metros, a distância a que se registou a descarga.
Tudo isto é simples, prático e instrutivo. No entanto, não é completamente verdade, apesar de fornecer uma boa aproximação. Em primeiro lugar, a velocidade do som no ar não é exactamente 340 m/s — aumenta quase linearmente com a temperatura e depende de outros factores. Mas o mais curioso é que o som nos chega muito mais rapidamente, porque começa por viajar como onda de choque ou de explosão, que atravessa o ar a uma velocidade cerca de 40 vezes superior à do som. Essa onda percebe-se por vezes com uma espécie de crepitar que precede o trovão. O trovão só se forma depois de essa onda ter viajado alguns instantes pelo ar. Assim, quando fazemos as contas habituais estamos apenas a calcular uma distância mínima para a tempestade. Na realidade, ela pode estar bastante mais longe. Por isso, leitor, se fizer as contas durante uma trovoada e concluir que o raio lhe caiu em cima, não conclua que acabou de morrer chamuscado.
Adaptado do «Expresso»

Etiquetas:

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

excelente post e artigo, muitos parabens a contrastar com alguma barbaridades que se costuma aqui escrever

1 de março de 2007 às 15:23  
Anonymous Anónimo said...

Tem toda a razão, mas os piores ainda são os anónimos!

1 de março de 2007 às 17:04  

Enviar um comentário

<< Home