7.5.07

Associação de ideias - V

Quando se fala d' «O Conde de Monte Cristo» a quem conhece a obra (mesmo só de ouvir falar), vem logo à mente o nome do Abade Faria, o padre italiano que, preso na fortaleza de If (ao largo de Marselha), revelou a Edmond Dantès a existência de um fabuloso tesouro na Ilha de Monte Cristo e que veio a permitir, com a sua morte, a fuga do companheiro que foi lançado ao mar em vez dele.

O que é que terá levado Alexandre Dumas a ir buscar um português com esse nome? Apenas por ter vivido na época em que a acção do romance decorre e ser uma pessoa muito conhecida em França?
Na realidade, o verdadeiro Abade Faria era português, nascido em Goa, fez os seus estudos em Roma e acabou por se notabilizar em França, no início do século XIX, pelos seus estudos sérios (e cujos resultados se revelaram quase sempre acertados à luz do que hoje se sabe) acerca do hipnotismo. Ah!, e apesar de ter vivido algum tempo em Marselha, mesmo à vista da célebre prisão, nunca esteve preso - nem lá, nem em parte nenhuma...
Este livro que aqui se mostra, da autoria do Professor Egas Moniz, é uma interessante monografia sobre esse assunto, abordando, essencialmente, a vida e obra do verdadeiro Abade Faria, mas não fugindo à comparação com o seu homónimo fantasiado. No fundo, o nosso Prémio Nobel da Medicina considera que Dumas-pai escolheu a personagem do padre português (que, aliás, nunca conheceu pessoalmente) como uma homenagem ao homem íntegro, estudioso e inconformado que ele foi.