"OS EXAMES PREJUDICAM O ENSINO DA MATEMÁTICA"

ESTE TÍTULO ESPANTOSO está hoje [13 Jul] na última página do "Diário de Notícias". Encabeça uma entrevista feita por Maria João Caetano à Professora Rita Bastos, presidente da Associação de Professores de Matemática, a propósito dos exames de Matemática do 9.º ano (cujos resultados foram, infelizmente, catastróficos). O título é, evidentemente, um grande tiro no pé! Conforme um amigo meu comentou, é como se alguém dissesse que o termómetro prejudica a gripe...
Mas será que a professora de Matemática pensa mesmo isso e quer acabar com os poucos exames que temos? Lendo o artigo não se encontra a frase de cima, que está entre aspas. Fica a dúvida que tantas vezes nos fica ao ler os jornais se a frase é da entrevistada ou da entrevistadora. O que se lê de mais parecido com o título é "O facto de ser uma disciplina constantemente [sic] sujeita a exames e ao escrutínio social causa uma pressão enorme nos professores e dificulta o ensino". E lê-se, a seguir, a resposta "Claro" à pergunta "Está a dizer que ensinar Matemática é mais difícil porque há exames?"
Na entrevista encontram-se outras afirmações no mínimo curiosas como "muitos alunos desistiram dos exames ainda antes de os realizar (...) Isso acontece muito com aqueles que geralmente têm boas notas noutras disciplinas" (quererá a professora dizer: eles são mesmo bons, mas não estão sequer para se maçar?). Ou esta outra: "o que um aluno faz num exame nem sempre corresponde àquilo de que ele é capaz" (quererá dizer: eles sabem muito, mas nos exames não acertam em metade?).
Etiquetas: CF
5 Comments:
Pode ser que os exames dificultem o ensino por não termos um sistema adequado à existência de exames. A professora também não sugeriu que deixasse de se fazer exames. O ensino que seja mais difícil. Quando tudo é fácil é que ninguém aprende seja o que for.
Mas os alunos também olham para o futuro e só vêem dificuldades e problemas. Também é difícil estar motivado sem ter um rumo minimamente definido. E nestes momentos começa a ver-se que as notas estão a descer e decide-se: diminuam a dificuldade. O nosso caminho é sempre o de nivelar por baixo. Por isso só podemos esperar que tudo piore. E o futuro ainda pior vai parecer... e por aí fora.
Não é que eu perceba muito disto...
Quando o descalabro é geral, é preciso ser cego para não ver que a culpa é do sistema de ensino. Os exames nao deveriam ser o primeiro passo para o melhorar, mas antes uma medida entre muitas outras, inclusive a qualidade e motivaçao dos professores.
Os exames feitos nos moldes em que estão a ser feitos e apenas para as estatísticas são a alienação completa dos mais importantes fundamentos educativos...
Como sempre sucede com os textos que têm, em rodapé, a referência [PH], os comentários são reencaminhados para os respectivos autores.
O problema do ensino em Portugal, não está na existência de exames em si, mas no erro de perspectiva que consiste em considerar a aprovação ou o bom desempenho nos exames a finalidade última que se pretende atingir. Ou seja os exames são o centro das atenções no ensino português e não deviam ser. A razão de ser deles é simplesmente aferir se um aluno está em condições de passar à fase seguinte ou se deve consolidar melhor os seus conhecimentos primeiro. Mas não é assim que olhamos para os exames. Olhamos para eles como uma medida de inteligência e sucesso escolar e tornamos a obtenção duma boa classificação no objectivo último para alunos e professores. Resultado: o ensino torna-se aborrecido - demasiado virado para o treino de exercícios de modo a que o aluno possa mecânicamente resolver problemas semelhantes em exame - e coloca-se um stress desnecessário nos alunos - enervando-os, por um lado, o que tende a levar a maiores problemas disciplinares, e desmotivando-os para aprender por outro - e nos professores, prejudicando a forma como acabam por transmitir os conhecimentos aos alunos.
A solução na minha opinião passaria por reduzir a carga de testes dando mais valor a outras formas de avaliação e por outro lado alterar os métodos de ensino de forma a que alunos e professores interajam mais e o conhecimento seja passado duma forma mais natural e menos imposta.
Enviar um comentário
<< Home