10.10.08

Vozes da memória

Por Joaquim Letria
VISITAR A EXPOSIÇÃO DA MARIA CALLAS é recordar aquela noite no São Carlos que transbordou da minha juventude para o resto da minha vida. Mau grado o “footing” para se entrar no Museu da Electricidade, aqueles fatos de cena, as fotos do “foyer” fazem soar na memória aquela voz de então.
Curioso como aquilo que apenas se vê, nas exposições, afecta outros sentidos e a memória, como acontece na Gulbenkian com a exposição sobre Literatura. Será possivelmente por isso que o Metropolitan de Nova York tem a tradição de retratos a óleo daqueles mais importantes que ali cantaram, envergando os seus trajes de cena.
Placido Domingo, por exemplo, está agora a posar para um novo retrato quatro décadas depois de ali ter de substituir Franco Corelli. Um tenor 40 anos no activo é raro, mas parece que os espanhóis são especialistas nessa longevidade. Recordemos Alfredo Krauss e pensemos em José Carreras. Antes assim.
«24 Horas» de 9 de Outubro de 2008

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