Livros de amigo
Por Joaquim Letria
ESTA MINHA SEMANA foi preenchida pela biblioteca dum velho amigo, forçado a mudar de apartamento em Londres, trocando uma vasta casa de incrível pé alto em Victoria, por um encantador mas diminuto apartamento em Chelsea.
O trágico resultado são mais de 200 caixotes de cartão carregados de excelentes livros portugueses, britânicos, alemães e americanos, entre os quais algumas interessantes primeiras edições, uns milhares de vinil e uma colecção de brinquedos antigos, tudo a caminho dum armazém de aluguer.
- Se houvesse em Portugal uma escola que quisesse, uma biblioteca, eu oferecia…- sugeriu, comovido, o meu amigo.
Meti-me ao trabalho de arranjar destino para tão generosa oferta, convencido ser uma questão de horas.
As respostas foram de “não temos verba para pagar o transporte” a “não estamos interessados”, passando por “e o trabalho que isso dá!?” e “agora, com a Internet, isso não interessa a ninguém".
Obrigadinho, ficamos nesta!
«24 horas» de 28 de Novembro de 2008
Etiquetas: JL
7 Comments:
Eu já quis oferecer livros a uma biblioteca pública e não consegui.
(E não se tratava de livos usados, mas sim novos).
Se ainda estiver a proposta de pé eu estaria interessada na oferta de alguns livros para a biblioteca da nossa escola. Claro que o modo de transporte é um caso a definir, mas também se arranja, não por uma transportadora, mas levantando pessoalmente os livros. É uma questão de combinar.
O meu e-mail: nop07238@mail.telepac.pt
Goretti Moreira
Faça como eu. Queime tudo. O mundo já tem lixo a mais, para se encher com "coisas importantes".
A minha escola está interessada. Temos transporte
ajs.mcr.almeida@gmail.com
Meus Caros,
Só agora me é possível responder-vos por acabar de tomar conhecimento da decisão do meu amigo que doou grande parte da sua excelente biblioteca por manifesta falta de condições para a conservar.
Por sua decisão, os livros vão para a biblioteca duma universidade brasileira cujo director se deu ao trabalho de os ir ver, de ordenar o apropriado acondicionamento para a viagem e de se comprometer a ter à chegada um bibliotecário com um estagiário a classificarem e organizarem um espólio de grande valor de mais duma vida,assim doado a custo zero.
Compreendo que o meu amigo tenha assim decidido, pois além do cuidado e profissionalismo que o impressionaram, poderá sempre que quiser visitar os seus livros,sem que o conjunto destes seja desmembrado,activos num meio jovem e vivo, num espaço de conhecimento e de cultura, como ele próprio gostaria que pudesse acontecer em Portugal. Do mal, o menos.Paciência...
Tendo-me limitado a ser intermediário entre o vosso interesse e o meu amigo, lamento não poder ser-vos mais útil, mas estou certo de que compreenderão e apoiarão as razões que o levaram a assim decidir.
Com os melhores cumprimentos,
Joaquim Letria
Que não se perca o espólio, que seja usado e lido, que abra novos horizontes... Aqui ou lá, tanto faz.
:)
De qualquer maneira, se alguém tiver livros para oferecer, nós aceitamos no nosso agrupamento de escolas, até porque "roubámos" ao Sorumbático a simpática ideia de oferecer livros aos nossos alunos em passatempos do blog relativo ao Plano Nacional de Leitura.
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