2.3.09

Cenários

Por João Paulo Guerra
Escrevo na sexta-feira, dia da abertura do Congresso do PS, o texto para sair na segunda.
MAS A MENOS QUE FALTE a luz em Espinho (*) e que desse, ou de outro modo, pife o arraial tecnológico previsto, o Congresso é tão previsível como os resultados eleitorais no Zimbabué. Antigamente sim, havia congressos, do PS e de outros partidos, em directo pelas televisões ao fim-de-semana, com sal e pimenta quanto bastasse para dar sabor e tempero à política. Agora, os congressos tornaram-se todos iguais aos do PCP, porque ao fim destes anos os partidos aprendem alguma coisa uns com os outros, neste caso aprenderam que congressos partidários são celebrações religiosas para consagrar os santos e exorcizar os demónios da política. De liturgia eclesiástica e de prática estalinista todos os partidos ganharam um pouco.
Antigamente, no tempo da política com a democracia às costas, os congressos tinham debate que podia mesmo chegar às vias de facto. Agora, é mais de fato-feito, o pronto-a-vestir desta espécie de democracia, cada vez mais tecnológica e mais destinada a confundir os esparvoados cidadãos com o ilusionismo da técnica. Depois da utilização do teleponto para fingirem que estão a improvisar, a falar de cor, isto é com o coração nas mãos, os políticos vão usar os congressos para passes de mágica electrónica, fazendo aparecer e desaparecer promessas. Quanto à democracia e à política, ‘who cares?', em inglês, como nos manuais de instruções dos aprestos.
Anunciavam as gazetas que o Congresso teria cenários projectados que evoluíam consoante os pontos da ordem de trabalhos. Assim, por exemplo, o cenário do presente seria negro mas o do futuro, votando PS, seria cor-de-rosa. Embora a rosa fosse virtual.
«DE» de 2 de Março de 2009
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(*) NOTA (CMR): em relação ao "apagão" que, de facto, veio a suceder (!), ver [aqui] a crónica do mesmo autor, publicada no dia seguinte.

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2 Comments:

Blogger Unknown said...

Congresso do PS

Exatamente como previsto, excepto no 1º discurso de JS, a roçar a tese de Valentim, Felgueiras, Avelino, etc.. Ainda vamos vêr nas próximas autárquicas alguém a citar as palavras de JS, com defesa e razão das suas candidaturas.

C.S.

2 de março de 2009 às 14:45  
Blogger Unknown said...

Volto à carga...

Sobre o que pensava sobre este congresso, podem lêr aqui: www.jornaldeespinho.pt

Sobre o que se passou, destaco 3 situações:

1ª Já referida no post acima;

2º O ataque cerrado e insultuoso de AC ao bloco. Faz prever o receio de o PS não obter a maioria e assim se pisca o olho ao PC.
Ainda a este propósito e com ironia: Para além desta prenda ao Bloco no dia do seu 10º aniversário, alguém se esqueceu das velas para cantar os parabéns aquando do apagão!
3º Cabeça de lista para as europeias. Gratidão pelo esforço realizado na defesa de JS. De qualquer forma, parece-me uma boa escolha.

C.S

2 de março de 2009 às 14:57  

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