13.8.09

A moda da burqa

Por Joaquim Letria

CRUZEI-ME COM DUAS SENHORAS de burqa nas ruas de Lisboa. A burqa nunca me chocou no oriente, nem em cidades como Londres e Paris, como desta vez. Talvez porque Lisboa ainda perdura como minha cidade e reajo ao que me oferece de novo.

Se a moda pega, qualquer dia temos aí mais uma controvérsia. O uso do véu está a alargar-se cada vez mais, basta andar no metro e nos comboios suburbanos para o ver em profusão e aceite com naturalidade. Mas o véu integral será uma surpresa. Por outro lado, ignoro o que cá se passa nas escolas quanto a este costume.

Na Europa, o véu integral é autorizado em todas as circunstâncias, excepto nas escolas e em manifestações cujos participantes “não tenham o direito de estar mascarados”.

É o caso da Áustria e da Bélgica, que proíbem o uso da burqa em locais públicos.

Na Holanda, o Ministério da Educação anunciou a intenção de proibir o seu uso na universidade mas acabou por deixar a decisão ao critério de cada estabelecimento de ensino. A extrema direita propôs a proibição total.

Na Itália, detenções anti-burqa foram rejeitadas e condenadas pelo Conselho de Estado. Na Alemanha, a burqa ainda pode vir a ser proibida nas escolas. Na Espanha e na Grécia, o fenómeno é tão marginal que ainda não suscitou qualquer debate. Tal como em Portugal. Veremos se aquelas duas senhoras que vi em Lisboa não serão um primeiro sinal.

«24 Horas» de 13 de Agosto de 2009

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10 Comments:

Blogger Carla Santos Alves said...

Eu sempre ouvi dizer " Em Roma sê romano"...vale o que vale.
Mas suscita-me algum medo ou talvez inquietação saber que se anda tapadinha só com os olhinhos à mostra!!!
Será que essas mulheres vestem a burca mesmo por imposição...ou querem mesmo partilhar da sua cultura?

13 de agosto de 2009 às 14:20  
Blogger Buriti said...

O grande problema que os europeus têm que resolver, quanto antes, é a capacidade que os muçulmanos têm para alastrar a sua ideologia. Não tenhamos dúvidas, essa gente, "de mansinho", está a tomar a Europa.

A tolerância que se apregoa por aí é um pau de dois bicos. Se não se souber manejá-lo como deve ser, a Europa ver-se-á a braços com uma luta contra a Hidra.

Há uns dias atrás passou um documentário na televisão mostrando o que está a acontecer em alguns países da Europa, nomeadamente em França, onde essa gente faz exigências que é de deixar qualquer um estupefacto. Ao que parece a comunicação social, no geral, não dá exactamente conta do que se está a passar. O cidadão comum apenas vê esses hábitos e atribui-lhes um carácter exótico. Não é assim. O problema é gravíssimo.

13 de agosto de 2009 às 18:03  
Blogger Jorge Oliveira said...

A burka ou qualquer outra patetice do mesmo género apenas será permitida em Portugal se continuarmos a ser governados pelos cobardolas que conhecemos, que apenas são capazes de ser valentes com os desgraçados que deles dependem e que batem a bola baixa.

13 de agosto de 2009 às 19:47  
Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

Em tese, o Estado não deveria proibir ninguém de tapar ou destapar qualquer parte do corpo. Proibir a burca, presumindo-se que é usada de livre vontade, é tão violador da liberdade individual como proibir o topless nas praias.

A questão está em saber se podemos presumir que é usada de livre vontade; ou, por outro lado, se podemos presumir que é imposta. Acho que ambas as presunções são insustentáveis e, sendo assim, só nos resta considerar cada caso pelos seus próprios méritos e prescindir de os englobar numa lei geral.

13 de agosto de 2009 às 21:01  
Blogger cicuta said...

É muito simples. Se estiverem numa ourivesaria e entrarem dois indivíduos só com os olhos à mostra o que pensão? É seguro permitir que andem pelas nossas ruas pessoas completamente embuçados? (não sabemos quem está debaixo daqueles trapos, homem, mulher?). Não me venham com tretas religiosas, ainda admito isso para aquelas que querem andar com o cabelo tapado, o problema é delas. É muito mais seguro andar nú ai nada da identidade é escondido. Quanto a quem acha que temos que respeitar a "cultura" dos outros, então vá para a Arábia-Saudita beber umas 'bejecas' em publico com a sua mulher de mini saia e top e veja como será respeitada a sua cultura.

13 de agosto de 2009 às 22:07  
Blogger R. da Cunha said...

O problema é grave, como se diz num comentário. A UE deveria tomar medidas consensuais. Por mim, a burka, que não o restante vestuário, deveria ser pura e simplesmente banido: o rosto deve estar a descoberto e a pessoa poder ser identificada. E não penso que essa medida seja xenófoba. Uma ocedental tem que seguir as regras do islamismo quando se desloca a um desses países e nós não podemos exigir que os nossos costumes e legislação sejam respeitados?
É que, devagarinho, vão impondo uma cultura que nos é estranha e que não é aceitável, de todo.

13 de agosto de 2009 às 23:06  
Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

R. da Cunha e cicuta:

Quanto à necessidade de as pessoas manterem o rosto descoberto, estou de acordo com os dois e aceito essa excepção ao princípio que enunciei. Quanto ao princípio em si - não dever o Estado proibir que se cubra ou descubra qualquer parte do corpo - mantenho o que disse.

13 de agosto de 2009 às 23:11  
Blogger JOSÉ LUIZ FERREIRA said...

PS: Se proibirmos a burca ou qualquer outra peça de vestuário, duma coisa podemos ter a certeza: vai haver adolescentes não islâmicas, portuguesas de muitas gerações, que vão passar a usá-la só porque é proibido.

13 de agosto de 2009 às 23:15  
Blogger Maria said...

O que está por trás de um rosto tapado? O que está por trás de um rosto descoberto?
A verdade é que mesmo pensando que: "Quem vê caras não vê corações", me sinto pouco confortável quando vejo as ditas senhoras de cara tapada.

14 de agosto de 2009 às 07:33  
Blogger Unknown said...

Esta questão é muito pertinente.
Essas senhoras têm a possibilidade de circular livremente em qualquer rua de um país da Europa Ocidental porque vivemos em democracia.Já o mesmo não podemos dizer dos seus países de origem.
Eu subscrevo um discurso do 1º Ministro da Austrália em que dizia algo como "vêm para o nosso país porque querem; se não se sentem bem ou se não concordam com as nossa regras são livres de ir embora". Assim, acho que qualquer governante tem a legitimidade de defender os interesses do seu povo, e caso assim o entenda, proibir que se circula totalmente coberto impossibilitando a identificação da pessoa em causa.

14 de agosto de 2009 às 17:31  

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