18.11.09

A caldeirada

Por Joaquim Letria

A QUERCUS E A UNICRE, aquela organização bancária dos cartões de crédito, assinaram um acordo quinquenal através do qual estabeleceram uma parceria, arregaçaram as mangas e deitaram-se ao trabalho, por muito pouco, ou nada, que a gente possa pensar que têm a ver uns com os outros.

A nossa surpresa ainda é maior quando dizem que 50 bancários da Unicre com alguns ambientalistas da Quercus foram limpar uma ribeira para evitar a extinção da boga do Oeste. Este peixe está praticamente extinto devido à poluição dos esgotos domésticos e as suiniculturas da região, existindo raros exemplares em dois rios do Concelho de Torres Vedras.

Entre os objectivos a prazo desta parceria figuram a redução do gasto do papel e do consumo de energia nos edifícios. Juntos, empenharam-se agora na salvaguarda de certas zonas naturais, neste caso para evitarem a extinção definitiva da boga do Oeste. A Quercus põe mesmo a hipótese de fazer outras operações de limpeza semelhantes a esta, pensando até em plantar, nas margens do rio Alcabrichel, vegetação da zona para combater a erosão.

Naturalmente que não temos nada contra esta parceria e esta actividade. Pelo contrário. Mas aproveitando o “knowhow” da Unicre, talvez os seus bancários pudessem pedir à Quercus que colaborasse com eles na apanha dos trutas que a suinicultura dos nossos políticos meteu no BPN, BPP e BCP para destruir as chaputas, as fanecas e os besugos, acabando na caldeirada que a gente bem conhece.

«24 horas» de 18 de Novembro de 2009

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