A humanidade dos factos
Por Baptista-Bastos
NUM DEPOIMENTO, editado como entrevista e publicado no diário i, António Barreto retrata o nosso tempo português com a perspicácia que se lhe reconhece. Adivinha-se a dor velada e o pudor, quando diz que Portugal está à beira de ser uma irrelevância e pode condenar-se a desaparecer. Não é uma jeremíada, o texto, é uma grave advertência à nossa preguiça mental, moral e cívica. Por outras palavras, Barreto fala na desconstrução do discurso político, devido à ascensão ao poder de uma súcia de medíocres, e recusa participar no embuste, tornado comum, de uma leitura exclusivamente económica do mundo. Como escrevia, no "Retrato da Semana", Público, não acredita na inocência da técnica, porque é lá que reside a banalidade do mal [Hannah Arendt].
Ao sermos informados dos vencimentos obscenos, obtidos por "gestores", entendemos o mal-estar de Barreto, quando critica a ausência de "elites" em Portugal. (...)
NUM DEPOIMENTO, editado como entrevista e publicado no diário i, António Barreto retrata o nosso tempo português com a perspicácia que se lhe reconhece. Adivinha-se a dor velada e o pudor, quando diz que Portugal está à beira de ser uma irrelevância e pode condenar-se a desaparecer. Não é uma jeremíada, o texto, é uma grave advertência à nossa preguiça mental, moral e cívica. Por outras palavras, Barreto fala na desconstrução do discurso político, devido à ascensão ao poder de uma súcia de medíocres, e recusa participar no embuste, tornado comum, de uma leitura exclusivamente económica do mundo. Como escrevia, no "Retrato da Semana", Público, não acredita na inocência da técnica, porque é lá que reside a banalidade do mal [Hannah Arendt].
Ao sermos informados dos vencimentos obscenos, obtidos por "gestores", entendemos o mal-estar de Barreto, quando critica a ausência de "elites" em Portugal. (...)
Texto integral [aqui]
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1 Comments:
É a nossa época, um caso actual, na berra, cada pormenor é transformado em pormaior. Outros casos houve no nosso passado recente, dos quais praticamente não resta memória e outros, ainda decorrem, mas já cansados, foram entretanto suplantados por este caso já apelidado de “bombástico”, muito embora, até ao momento inconclusivo, quanto à culpa dos envolvidos, entre arguidos e violadores de segredo de justiça, parece que mais uma vez a montanha vai parir um rato e a culpa vai morrer solteira. Agora, com ou sem violação de segredo de justiça, com aproveitamento duvidoso ou não das fontes pela comunicação social, o que é certo, é que, felizmente, hoje os casos vêm a lume, chegam à opinião pública, são discutidos em praça pública, com o que isso possa ter de benfazejo ou nefasto. Não sou saudosista de um tempo que de virtuoso só tem o facto de nos seus registos históricos, não constarem escândalos como os que nos nossos dias se discutem ou pelo menos não foram do conhecimento de todo o povo, como agora sucede. Em relação à situação do país concordo que "Portugal está à beira de ser uma irrelevância e pode condenar-se a desaparecer", não concordo porém é que essa falência, não exclusivamente económica. É uma questão de fazer as contas, Portugal endivida-se um milhão à hora, os juros pedidos pelos empréstimos contraídos aumentam na medida em que a nossa capacidade para pagar diminui manifestamente. Só as despesas com os trabalhadores da função pública, com as reformas e subsídios, tais como o Rendimento Mínimo, representam 80% da receita do estado, o resto nem deve bastar para pagar os juros da dívida externa, sempre galopante para fazer face às despesas. Ora, a meu ver, um dia, a torneira fecha, porque ninguém empresta dinheiro a uma nação falida, veja-se o caso da Argentina, da Islândia e outros. É com os políticos que temos, que não são piores dos de gerações anteriores, que vamos ter de dar a volta a esta situação, de preferência com a colaboração e responsabilidade de todos os grupos parlamentares, o que não tem acontecido, senão veja-se a quantidade de diplomas aprovados pela maioria da oposição à revelia do programa de governo. Isto não vai dar bom resultado, não vai não!... Ai! Ai! Ribas.
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