3.12.09

O referendo suíço - Passatempo com prémio

CONVIDAM-SE os leitores a darem a sua opinião acerca do resultado do recente referendo que, na Suíça, proibiu a construção de minaretes.
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O prazo terminará às 20h de domingo, dia 6 p.f. Quem não tenha conta Google/GMail poderá enviar a sua participação para sorumbatico@iol.pt. O prémio, a atribuir ao autor do melhor comentário, será um dos dois livros cujas capas que se podem ver [aqui] - à escolha do vencedor.

Actualização (6 Dez 09 / 20h40m): depois de muito pensar, o júri decidiu atribuir a seguinte classificação: 1.º A. Viriato, 2.º Ribas, 3.º João Pedro. Felizmente, foi possível arranjar mais um exemplar de «Cristãos e Mouros», sendo esse título o 2.º e 3.º prémios. Assim, os três têm agora 24h para escreverem para premiosdepassatempos@iol.pt indicando morada. Obrigado a todos!

18 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Algumas notas, para lançar a discussão:

Há dias, um jornalista português insurgia-se contra o resultado do referendo e - também - contra o hábito de os suíços os fazerem por tudo e por nada.

Fica a questão: será que também se revoltaria contra esse "hábito" se o resultado tivesse sido o oposto?

E, se os helvéticos se dão bem com esse sistema (de consultar o povo por tudo e por nada), o que é que nós temos a ver com isso?

3 de dezembro de 2009 às 12:12  
Blogger  said...

O resultado do referendo suíço não espanta ninguém.
Uma era que teima, à força, colocar Deus fora do olhar, que persiste em esquecer que a natureza - inclusive a humana - tem horror ao vazio, pelo que há-de colocar no espírito humano qualquer coisa no lugar de Deus, escolhe o pior dos caminhos: o não conhecer, o fazer de conta que não existe, o nivelar por baixo.
Aqui, como no caso dos crucifixos, creio que o mais interessante - e mais inteligente - seria despertar o interesse, dar a conhecer, como única forma possível de ajudar a entender e a conviver.
Como a história repetidamente nos ensinou, quando se queimam livros, se impedem manifestações de fé e se limitam liberdades fundamentais, está-se a promover a clandestinidade, o secretismo e o fundamentalismo que alicerçam a ignorância.
E o consequente extremar de posições.

3 de dezembro de 2009 às 12:44  
Blogger Carlos Esperança said...

As liberdades individuais não se referendam.

3 de dezembro de 2009 às 16:05  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Continuando a dar "achegas", só para ver se a discussão anima:

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A questão pode ser posta assim:

A construção de edifícios (religiosos, partidários, clubísticos, etc) em povoações será uma "liberdade individual absoluta"?

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Se a população de uma determinada localidade, onde predomina um determinado partido (ou clube), se opuser à construção de sedes de um partido (ou clube) rival?

3 de dezembro de 2009 às 16:22  
Blogger R. da Cunha said...

Tolerância e respeito pelo outro, desde que não haja desrespeito pelos princípios fundamentais da sociedade onde estamos inseridos. No entanto, gostava que tais princípios se aplicassem em todo o mundo, incluindo os islâmicos em relação à prática de outras manifestações religiosas, o que não acontece. O princípio cristão de "não faças aos outros o que não queres que a ti te façam" tem que ter aplicação universal.
Quanto ao referendo: por princípio sou contra referendos, salvo em condições específicas, que afectem as populações, o que não me parece o caso suíço. Mas a verdade é que na Suíça o referendo é vulgar, pelo que nada tenho a opor. É lá com eles. Lamento é o resultado, mas seria de esperar...

3 de dezembro de 2009 às 19:30  
Blogger Ribas said...

Fico contristado por ver a nossa velha Europa, com o seu Humanismo e Iluminismo secular. A velha Europa da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A Europa dos grandes impérios, das Grandes Guerras. A Europa do Holocausto e da Guerra Fria. Custa-me reconhecer que tem ainda um longo caminho a percorrer na direcção da tolerância.
Se a questão fosse meramente estética (tipo o nosso PDM), ainda se compreenderia a restrição. Mas não é disso que se trata.
Ora, uma campanha com cartazes a preto e a vermelho, onde a bandeira suíça, estendida como um tapete é invadida por minaretes pretos em forma de mísseis, com uma sinistra crente muçulmana de burca, com aspecto de terrorista em primeiro plano, não me parece a maneira mais civilizada para defender o “Sim” e tira as dúvidas acerca da intenção da campanha de Direita no referendo.
É pura islamofobia, lamentável islamofobia!
Mas o movimento parece não ficar por aqui, a França discute o que é ser francês nos dias que correm, com Le Pen a regozijar-se pelo resultado da consulta pública na Suíça. Vários outros países, contestam a construção de mesquitas nos seus países, tentando mesmo travar a sua edificação.
Como o Zé disse em cima e muito bem, “está-se a promover a clandestinidade, o secretismo e o fundamentalismo que alicerçam a ignorância”.
Acredito nos bons valores da Europa, não devíamos entrar pelo caminho da intolerância, mesmo que ela seja proclamada nos países islâmicos que, infelizmente, proíbem a liberdade religiosa e a construção de igrejas de outros credos nos seus territórios.
Meus caros, como diz o grande escritor português Mário de Carvalho, “Não confundamos o Género Humano com o Manuel Germano!...”.
Ribas.

3 de dezembro de 2009 às 19:39  
Blogger António Viriato said...

Os suiços não precisam de prelecções democráticas de ninguém, muito menos de quem nenhuma autoridade tem para lhas dar.

Limitaram-se a exercer uma prática democrática antiga e constitucional sua, a do referendo.

Não retiraram direito nenhum a ninguém.

Não impediram nenhuma prática religiosa, nem a dos muçulmanos, que, na sua terra não concedem igual liberdade de culto, nem a cristãos nem aos de outros credos, tratados como infiéis.

A Europa deve seguir o exemplo suíço, porque os minaretes tornaram-se, hoje, neste continente, para eles, muçulmanos,terra de missionação, uma forma de ostentação, de exibição de poder, de crescente proselitismo, que infunde naturais receios nas comunidades que os acolhem.

A Europa deve exigir-lhes respeito e compromisso público de acatamento das leis, das normas, das regras existentes nas suas Comunidades.

Deve igualmente exigir dos países muçulmanos reciprocidade na concessão de direitos, incluindo os de prática religiosa, sob pena de ser tomada de trouxa.

Só se deve conceder aquilo que for concedido, em reciprocidade.

Tudo o que acontecer, fora deste princípio, é insensatez ou cobardia.

Persistir na concessão sem contrapartidas é cavar a própria ruína, neste ponto da religião, como em todos os mais.

Será isto assim tão difícil de entender ?

4 de dezembro de 2009 às 00:11  
Blogger João Silva said...

Acho que o caso até é bastante simples.

Suponhamos que os opositores dos minaretes têm razão, realmente os minaretes são feios, estragam a paisagem, dominam as cidades sem que as outras pessoas possam fazer alguma coisa contra isso.

Que se conclui daqui? Que é proibido construir edifícios grandes e feios que dominem a cidade. Se os suíços fossem coerentes, se não estivessem portanto a implicar com os minaretes só por eles serem símbolos muçulmanos, teriam de mandar abaixo os grandes prédios cinzentos e degradados que abundam nas cidades e as dominam, pelo menos cá, mas suspeito que por lá também haja alguns.

É bastante óbvio que o objectivo é privar a liberdade dos muçulmanos de construírem o que bem entendam. Ironicamente, depois dá-se a desculpa de que se está a proteger a liberdade individual das pessoas comuns, que não são obrigadas a ter de levar com a vista dos minaretes, como se construir coisas feias fosse realmente uma ofensa à nossa liberdade.

Quanto ao costume dos referendos, acho-o bastante saudável. Só se pode defender a democracia por se recusar as ditaduras mas também por se reconhecer que é necessária alguma autoridade, porque a vida em anarquia seria seguramente muito perigosa. Portanto, é o dever do democrata apoiar as reformas que dêem mais poder de decisão ao povo e a retirem à autoridade, desde que a segurança não seja afectada, como é claramente o caso.

4 de dezembro de 2009 às 15:02  
Blogger Serafim said...

Sou a favor dos minaretes como das torres das catedrais. Ambos são parte da arquitectura do edifício em questão.
No entanto, penso, que os Suiços não se manifestaram contra os minaretes em si, mas sim contra a propagação de mesquitas, numa tentativa de colonização islâmica da Europa (já sei que vou chocar alguém)desenvolvida num processo de "vingança" contra o catolicismo.
Como escreveu CMR "Continuando a dar "achegas", só para ver se a discussão anima:" o Islamismo está a travessar uma fase idêntica àquela que o catolicismo atravessou há cerca de 200 anos....
Como escreveu

4 de dezembro de 2009 às 16:32  
Blogger bigportugal said...

Houve um referendo, legítimo, de onde resultou um resultado sufragado por uma maioria.
Vox populi, vox dei.

4 de dezembro de 2009 às 19:13  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Mais umas "achegas":

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A. Viriato diz que a tolerância religiosa tem de ser recíproca.

Ou seja: não se pode, apenas, dizer:

«Eles não deixam, nas terras deles, construir igrejas, mas nós vamos deixar construir, nas nossas terras, as mesquitas que eles quiserem. Com isso, damos-lhes lições de tolerância, democracia, etc».
É muito bonito de dizer, mas que mal faria começar a habituar certas cabecinhas que a tolerância não pode ser só num sentido?

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Quando há crimes, é "politicamente correcto" tentar averiguar as suas causas.

Com maioria de razão, também aqui será fundamental perceber qual a origem da xenofobia dos suíços.
Será que são idiotas, incultos, anti-democratas, etc?.
O que é que, de facto, sucedeu naquela sociedade para haver essa reacção?


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Finalmente: A proibição foi para os minaretes, não para as mesquitas. Será a mesma coisa?

4 de dezembro de 2009 às 22:07  
Blogger João Silva said...

"É muito bonito de dizer, mas que mal faria começar a habituar certas cabecinhas que a tolerância não pode ser só num sentido?"

A tolerância é uma coisa boa. É bom que toleremos estilos de vida de que discordamos. Lá porque os países islâmicos são intolerantes para com os costumes ocidentais isso não significa que tenhamos de o ser também. Ainda bem que não o somos, porque isso permite-nos conhecer mais de perto estilos de vida e costumes diferentes e assim escolher melhor o nosso. Aliás, não vejo como se pode ver a tolerância como um mal a que nos temos de sujeitar para que os outros nos tolerem a nós e não defender ao mesmo tempo um regime que limite seriamente a liberdade de grupos marginais. Não vejo em que é que afecta as outras pessoas se eu gosto de ir a mesquitas ou a igrejas ou a sinagogas.
O que é evidente aqui é o gosto antigo e infeliz de interferir na vida dos outros só porque não gostamos do estilo de vida deles mesmo que isso não nos afecte.

5 de dezembro de 2009 às 00:18  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Mais umas "achegas", para tentar animar a discussão:


Será que tudo é referendável?

Imagine-se que, numa determinada altura (em Portugal, ou noutro país qualquer), um partido tem um apoio popular tão grande que resolve propor um referendo para banir outros.

Pela teoria simplista de que "o povo é soberano", não haveria nada a opor...
Mas será isso justo?

Na Venezuela, Chavez fez um referendo que, na prática, o perpetua no poder (pois deixou de haver limites para as reeleições presidenciais).
As Honduras estão metidas num grande sarilho, porque o presidente cessante quis fazer o mesmo.

A questão é, pois: sendo "o povo soberano", não haverá limites?

Claro que há. É para isso que existem as constituições, que estabelecem limites ao que podem ser situações passageiras.
Sucede é que esses limites variam conforme os países e - mais ainda - as culturas.

Se, na Suíça, os limites são mais amplos, o que se há-de fazer?

Quem somos nós - um povo que aturou, bovinamente, uma das mais longas ditaduras da História - para dar lições de democracia a um povo que convive com ela há dácadas?

5 de dezembro de 2009 às 16:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Julgo que ainda falta tentar responder à seguinte questão (que me parece, até, a mais pertinente de todas):

PORQUÊ?

Ou seja:

Dando de barato que não devem ser um povo inculto nem de idiotas, o que é que, CONCRETAMENTE, levou os suíços a terem essa reacção (que, evidentemente, não é só por motivos arquitectónicos)?

6 de dezembro de 2009 às 14:50  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora, mais outra "achega":

Se o problema fosse essencialmente arquitectónico (claro que não á...), até se percebia. As cidades suíças que eu visitei (embora há muitos anos...) eram todas muito "certinhas", com as casas muito alinhadas em altura, etc.

Aí, entre a liberdade de as manterem assim, e a liberdade de colocar torres indiscriminadamente (sem limite de localização, altura, quantidade, etc), há que reconhecer que os donos de casa é que têm de ter a última palavra.

6 de dezembro de 2009 às 14:56  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Outra "achega", mas agora no sentido inverso do princípio «o povo é sempre soberano»:

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Logo a seguir a grandes revoluções, é frequente que os vitoriosos aproveitem a vontade popular que permitiu o seu êxito para banirem os partidos perdedores.

Não é preciso enumerar os países onde isso sucedeu - e, se virmos bem, quase sempre a imposição do partido único se deu (à época) com grande (por vezes esmagador) apoio popular.

6 de dezembro de 2009 às 15:05  
Blogger João Silva said...

Primeiro, os suíços não são todos sobredotados. Toda a gente se engana e eles também se podem enganar. Achar que os povos da europa são todos super civilizados e super racionais e super sensatos é como achar que todos os africanos são desorganizados e irreflectidos: é preconceituoso e errado. Obviamente, não é verdade que as coisas sejam assim.

Devemos tolerar ideias, mesmo as intolerantes, pois abrirmos, por exemplo, o racismo e o nacionalismo à discussão genuinamente aberta é a melhor maneira de provar que essas coisas não têm sentido algum. Se não temos problemas em discutir se o bosão de Higgs existe ou não, porque é os ideais políticos hão de ser diferentes.

6 de dezembro de 2009 às 15:11  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Ver "actualização"

6 de dezembro de 2009 às 20:43  

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