5.11.10

Cães, gatos e olhares para o lenço

Por Joaquim Letria

UM QUERIDO amigo meu, que há muito não tinha o prazer de rever, desafiou-me a escrever histórias do passado, ocorridas comigo e com personalidades nacionais e estrangeiras dignas de destaque, bem como me exortou ainda a narrar factos importantes por mim vividos.
Confessei-lhe que já há muito me ocorrera semelhante pensamento, mas logo o abandonei por diversas razões. A primeira, é uma rejeição muito pessoal desse tipo de escrita, talvez inspirada, desde muito jovem ainda, por uma frase de Pittigrilli que nunca esqueci: aquele que escreve memórias é como um fulano que se assoa e depois olha para o lenço, antes de dobrar e guardar no bolso. (...)

Texto integral [aqui]

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5 Comments:

Blogger GMaciel said...

De Pittigrilli memorizei outra que não posso aqui transcrever. :)

Muito gostaria eu de poder deitar a mão a "esse" livro. Suspeito que seria daqueles aos quais pegamos e vemos o sol nascer sem termos dado pelas horas a passarem.

Quanto aos cães e gatos, a coisa está de tal forma que prefiro reler os "clássicos" a ter de pegar num acabado de dar à estampa - a não ser que venha recomendado por alguém cuja opinião eu respeite, claro.

abraço

5 de novembro de 2010 às 15:43  
Blogger António Viriato said...

Caro Joaquim Letria,

Permita-me que discorde frontalmente dessa sua impressão e da sentença de Pittigrilli.

Julgo antes que todo aquele que viveu momentos históricos importantes deve dar testemunho da sua experiência, com maioria de razão, se neles directamente interveio ou participou.

A História também se faz com os testemunhos particulares dos cidadãos.

Se os mais interventivos do seu tempo se abstiverem de narrar as suas participações, as suas vivências, os seus sentimentos pessoais, a História certamente se continuará a fazer, apenas com a diferença de que se fará com os testemunhos alheios, de outros seus concidadãos.

Haverá aqui uma espécie de falta de comparência, lamentável em certos casos, pela riqueza das memórias furtadas ao conhecimento dos mais.

Violà, o truísmo.

Um abraço.

6 de novembro de 2010 às 18:22  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

JL responde a G. Maciel:

Se aceita uma "cunha" deixe-me recomendar-lhe o "Leite Derramado" do Chico Buarque.
Uma delícia!
Abraço do Jletria

6 de novembro de 2010 às 19:00  
Blogger GMaciel said...

:)

Aceito, pois, tanto que vou começar a busca pelo livro que me indica.

Chico Buarque??? Reconheço a minha ignorância, conheço o cantor/compositor, desconheço o escritor. Está mais do que na altura de ser apresentada a ele.

:)

abraço

7 de novembro de 2010 às 12:00  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

JL responde a G. Maciel:

Então, se vai à procura do escritor no cantor, compre também "Budapeste",outro excelente livro dele.
Mas leite derramado é uma obra prima.Escreve tão bem quanto canta as suas coisas...

8 de novembro de 2010 às 10:30  

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