Trabalho para férias
Por Rui Tavares
COMO resolver a crise do euro em poucas semanas:
Já nos próximos dias, os ministros reunidos no Conselho reconheceriam que entrámos num novo patamar da crise com as subidas dos juros em Itália e na Espanha. Esses juros aproximam-se do limiar (acima dos cinco por cento, dependendo dos prazos de dívidas) em que entram em espiral. A partir daí, a acreditar nos casos gregos, irlandês e português, os juros fogem correndo; só há subida, descida nem pensar. Mesmo que os casos italiano e espanhol sejam diferentes, ninguém vai esperar para saber. Ambos os países são demasiado grandes para deixar cair, e impossíveis de salvar com os atuais mecanismos.
Isto quer dizer que o tempo dos remendos acabou. Vamos supor que a direita tem razão, e que a dívida é o nosso grande problema de longo prazo. Ainda assim, o nosso problema de curto prazo não é a dívida — são os juros da dívida. É a curto prazo que estamos todos mortos.
O Conselho pediria então à Comissão um plano de contingência para a mutualização da dívida. Sim, já sei das objeções. Mostrem-me então outro plano que funcione: a austeridade, empurrar com a barriga, fazer a dança da chuva e acender velinhas já falharam todos.
Será então a mutualização da dívida para trazer estes juros para níveis toleráveis — ou esperar pelo pior. Os planos de contingência já estão esboçados. As primeiras emissões de eurobonds poderiam ser feitas pelo Banco Europeu de Investimentos, sem mudar os tratados. A Comissão apresentaria uma primeira proposta no início de Agosto.
O presidente do Parlamento Europeu, seguindo o artigo 134 do seu regimento, convocaria uma plenária de urgência do PE. Os relatores dos pacotes de crise que já estão nomeados, de vários grupos políticos, pronunciam-se sobre as propostas da Comissão, o Parlamento aprova-as, e reenvia-as para o Conselho.
A crise do Euro termina antes do fim do verão.
Mas não termina a crise da União Europeia, que ficou gravemente ferida neste processo todo
Além da primeira mutualização de dívidas, para estancar a crise do euro, a Comissão deveria preparar até ao fim do ano um Plano para a Europa, que não é nenhum dos atuais, mas que parte dos eurobonds para desenhar uma visão mais ampla do que apenas salvar os Piigs. Se alemães, franceses e finlandeses não perceberem o que têm a ganhar com isto, não irão lá com discursos líricos.
Não adianta pedir solidariedade a quem não se sente no mesmo barco. Solidariedade europeia sem visão europeia é caridade, e isso já se viu que não funciona.
Felizmente o mercado potencial de eurobonds é muito grande — e seguro. Serve para conter a crise e para relançar a economia do continente. Para evitar abusos, os eurobonds, com os seus juros baixos, devem cobrir dívidas apenas até uma certa proporção do PIB de cada país. A partir daí começaria a área perigosa dos juros nacionais; todos os países teriam interesse em fugir dela e este esquema daria à Alemanha uma possibilidade de salvar a sua face moralizadora.
Uma proporção desse dinheiro deveria ser reinvestido federalmente em emprego e infraestrutura, porque o nosso verdadeiro problema de longo prazo é a sustentabilidade do crescimento, que permita pagar dívida e garantir o modelo social (e não lixar o planeta). Mas parLinka isso precisamos de um governo europeu, que poderia ser eleito em 2014.
Rebuscado? Improvável? Talvez. Não venham é dizer que não há saídas.
In RuiTavares.netCOMO resolver a crise do euro em poucas semanas:
Já nos próximos dias, os ministros reunidos no Conselho reconheceriam que entrámos num novo patamar da crise com as subidas dos juros em Itália e na Espanha. Esses juros aproximam-se do limiar (acima dos cinco por cento, dependendo dos prazos de dívidas) em que entram em espiral. A partir daí, a acreditar nos casos gregos, irlandês e português, os juros fogem correndo; só há subida, descida nem pensar. Mesmo que os casos italiano e espanhol sejam diferentes, ninguém vai esperar para saber. Ambos os países são demasiado grandes para deixar cair, e impossíveis de salvar com os atuais mecanismos.
Isto quer dizer que o tempo dos remendos acabou. Vamos supor que a direita tem razão, e que a dívida é o nosso grande problema de longo prazo. Ainda assim, o nosso problema de curto prazo não é a dívida — são os juros da dívida. É a curto prazo que estamos todos mortos.
O Conselho pediria então à Comissão um plano de contingência para a mutualização da dívida. Sim, já sei das objeções. Mostrem-me então outro plano que funcione: a austeridade, empurrar com a barriga, fazer a dança da chuva e acender velinhas já falharam todos.
Será então a mutualização da dívida para trazer estes juros para níveis toleráveis — ou esperar pelo pior. Os planos de contingência já estão esboçados. As primeiras emissões de eurobonds poderiam ser feitas pelo Banco Europeu de Investimentos, sem mudar os tratados. A Comissão apresentaria uma primeira proposta no início de Agosto.
O presidente do Parlamento Europeu, seguindo o artigo 134 do seu regimento, convocaria uma plenária de urgência do PE. Os relatores dos pacotes de crise que já estão nomeados, de vários grupos políticos, pronunciam-se sobre as propostas da Comissão, o Parlamento aprova-as, e reenvia-as para o Conselho.
A crise do Euro termina antes do fim do verão.
Mas não termina a crise da União Europeia, que ficou gravemente ferida neste processo todo
Além da primeira mutualização de dívidas, para estancar a crise do euro, a Comissão deveria preparar até ao fim do ano um Plano para a Europa, que não é nenhum dos atuais, mas que parte dos eurobonds para desenhar uma visão mais ampla do que apenas salvar os Piigs. Se alemães, franceses e finlandeses não perceberem o que têm a ganhar com isto, não irão lá com discursos líricos.
Não adianta pedir solidariedade a quem não se sente no mesmo barco. Solidariedade europeia sem visão europeia é caridade, e isso já se viu que não funciona.
Felizmente o mercado potencial de eurobonds é muito grande — e seguro. Serve para conter a crise e para relançar a economia do continente. Para evitar abusos, os eurobonds, com os seus juros baixos, devem cobrir dívidas apenas até uma certa proporção do PIB de cada país. A partir daí começaria a área perigosa dos juros nacionais; todos os países teriam interesse em fugir dela e este esquema daria à Alemanha uma possibilidade de salvar a sua face moralizadora.
Uma proporção desse dinheiro deveria ser reinvestido federalmente em emprego e infraestrutura, porque o nosso verdadeiro problema de longo prazo é a sustentabilidade do crescimento, que permita pagar dívida e garantir o modelo social (e não lixar o planeta). Mas parLinka isso precisamos de um governo europeu, que poderia ser eleito em 2014.
Rebuscado? Improvável? Talvez. Não venham é dizer que não há saídas.
Etiquetas: autor convidado, RT
2 Comments:
Ó Rui Tavares,
Diga isso lá pelas europas, em sítio onde o oiçam.
Nós por cá, enfim, bem gostaríamos que a coisa se resolvesse, mas não somos tidos nem achados, a não ser para ir fazendo os sacrifícios da praxe e...
para ouvirmos mezinhas sob a forma de discursos.
Caso valha a pena, diga mesmo ao Barroso poliglota que lhe ceda o lugar, ou fiquem lá os dois, ou como queiram, mas façam alguma coisa.
Assim como assim, dinheiro bastante ganham vocês. Se o justificassem um bocadinho não lhes ficava mal.
Ande. Tente.
E fale depois. De preferência no português escrito de que muitos já começam a ter saudade.
É que até a ortografia nos abandalham, como se fossem donos da língua.
Quem vo-la outorgou?
Susbcrevo, com aplauso, o comentário do amigo José Batista.
É que isto já raia o ridículo; falam, falam, falam, falam, mas não os vemos fazer pevas.
Quanto ao aborto (h)ortográfico, é engraçado constatar que quem defende e usa em antecipação o dito cujo carcará sanguinolento, reveste-se de uma reserva moral e cultural bacoca, com a arrogãncia de assumir que os outros é que são os imbecis.
Pois, já me tinham dito!!!
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