Albufeira é pior que Tottenham
Por Ferreira Fernandes
A MAIORIA dos londrinos de Tottenham não vai deixar Tottenham porque houve lá no bairro um autocarro incendiado e uma loja de computadores vandalizada. Tottenham não se escolhe, é bairro para pobres. Exagerando, é como a ilha de Lampedusa, onde se dá à costa porque não se tem dinheiro nem passaporte para desembarcar no aeroporto internacional de Fiumicino, Roma.
Já Albufeira não é como Tottenham, não tem a regalia de ser aceite quaisquer que forem as circunstâncias. Os ingleses não dão à costa na praia de Olhos de Água em barcaças - escolhem Albufeira entre alternativas gregas e espanholas, e pagam pela escolha. Isto para explicar que um autocarro londrino incendiado não serve de habituação a turistas assaltados com carabinas apontadas nas ruas algarvias. Aquele, o autocarro, é uma inevitabilidade com que se tem de viver; este, o assalto, é rapidamente trocado por lugares mais seguros.
Há mês e meio escrevi aqui: "Não entender que isto [os assaltos algarvios que já então eram uma rotina] é Economia, é não entender o funcionamento dos mercados." O nosso ministro da Economia, que quer fazer de Portugal uma Florida, devia ficar também com o pelouro das polícias e começar por fazer do Algarve uma tranquilidade. O desleixo de ordem (agora foi a selecção do Luxemburgo assaltada) que por lá se vive devia ser combatido como um crime económico.
Digo assim para ver se entendem a gravidade.
«DN» de 9 Ago 11
A MAIORIA dos londrinos de Tottenham não vai deixar Tottenham porque houve lá no bairro um autocarro incendiado e uma loja de computadores vandalizada. Tottenham não se escolhe, é bairro para pobres. Exagerando, é como a ilha de Lampedusa, onde se dá à costa porque não se tem dinheiro nem passaporte para desembarcar no aeroporto internacional de Fiumicino, Roma.
Já Albufeira não é como Tottenham, não tem a regalia de ser aceite quaisquer que forem as circunstâncias. Os ingleses não dão à costa na praia de Olhos de Água em barcaças - escolhem Albufeira entre alternativas gregas e espanholas, e pagam pela escolha. Isto para explicar que um autocarro londrino incendiado não serve de habituação a turistas assaltados com carabinas apontadas nas ruas algarvias. Aquele, o autocarro, é uma inevitabilidade com que se tem de viver; este, o assalto, é rapidamente trocado por lugares mais seguros.
Há mês e meio escrevi aqui: "Não entender que isto [os assaltos algarvios que já então eram uma rotina] é Economia, é não entender o funcionamento dos mercados." O nosso ministro da Economia, que quer fazer de Portugal uma Florida, devia ficar também com o pelouro das polícias e começar por fazer do Algarve uma tranquilidade. O desleixo de ordem (agora foi a selecção do Luxemburgo assaltada) que por lá se vive devia ser combatido como um crime económico.
Digo assim para ver se entendem a gravidade.
«DN» de 9 Ago 11
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Esta crónica encaixa perfeitamente na anterior: os portugueses, às vezes, parece que não percebem "como é que são vistos de fora".
Neste caso dos assaltos a estrangeiros no Algarve, os governantes e as polícias fazem mal quando vêm para os 'media' desvalorizar e desdramatizar o assunto. É que, 'lá fora', a segurança é valorizada e a insegurança dramatizada - e muito.
Pensar e agir sem ter isso em conta é uma cretinice que, nos dias de hoje, se paga caro.
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