Londres explicada como deve ser
Por Ferreira Fernandes
PARA CONTAR a violência no Peru, nos anos dos guerrilheiros do Sendero Luminoso, podíamos, e se calhar devíamos, estudar o que foi o confronto do Império Inca com a Conquista espanhola, no séc. XVI. Se calhar devíamos saber mais do caudilhismo peruano. E do conflito entre as oligarquias de Lima e a ideologia maoista do Sendero... Se calhar. Mas se quisermos conhecer aquela violência, mesmo, bastam duas páginas de Vargas Llosa, no seu romance Lituma nos Andes. Aquelas que contam o casalinho de turistas franceses, imprevidentes, subindo os Andes em camioneta de carreira e mandado parar pelos guerrilheiros: ele acabou implorando que o matassem e à companheira, depressa...
E nós percebemos que, às vezes, há eruditas explicações desnecessárias.
Ontem, foi um vídeo de Londres que me expôs a simplicidade que às vezes nos fala fundo como nada mais. Londres, se quisermos ir por caminhos muito cultos, é hoje a metáfora perfeita do capitalismo, com as Bolsas na agonia e os bairros dos pobres a explodir. Mas eu prefiro o meu vídeo: uma manada de hienas à volta de uma cria ferida. Esta sangra e as hienas lambem-na e parecem ajudar, mas quando vêem que ela é fraca atacam. No vídeo, as hienas usam capuzes e a cria tem uma mochila que é roubada. Não fora isso, o vídeo podia passar no National Geographic, como filme sobre savanas. Em todo o caso, conta o que se passa em Londres com uma verdade que não li em parte nenhuma.
«DN» de 10 Ago 11
NOTA (CMR): juntei o vídeo que F.F. refere e que, no YouTube, já teve mais de 3 milhões de visualizações. O jovem agredido foi parar ao hospital, com um maxilar partido. Roubaram-lhe o dinheiro, a bicicleta e o telemóvel.
PARA CONTAR a violência no Peru, nos anos dos guerrilheiros do Sendero Luminoso, podíamos, e se calhar devíamos, estudar o que foi o confronto do Império Inca com a Conquista espanhola, no séc. XVI. Se calhar devíamos saber mais do caudilhismo peruano. E do conflito entre as oligarquias de Lima e a ideologia maoista do Sendero... Se calhar. Mas se quisermos conhecer aquela violência, mesmo, bastam duas páginas de Vargas Llosa, no seu romance Lituma nos Andes. Aquelas que contam o casalinho de turistas franceses, imprevidentes, subindo os Andes em camioneta de carreira e mandado parar pelos guerrilheiros: ele acabou implorando que o matassem e à companheira, depressa...
E nós percebemos que, às vezes, há eruditas explicações desnecessárias.
Ontem, foi um vídeo de Londres que me expôs a simplicidade que às vezes nos fala fundo como nada mais. Londres, se quisermos ir por caminhos muito cultos, é hoje a metáfora perfeita do capitalismo, com as Bolsas na agonia e os bairros dos pobres a explodir. Mas eu prefiro o meu vídeo: uma manada de hienas à volta de uma cria ferida. Esta sangra e as hienas lambem-na e parecem ajudar, mas quando vêem que ela é fraca atacam. No vídeo, as hienas usam capuzes e a cria tem uma mochila que é roubada. Não fora isso, o vídeo podia passar no National Geographic, como filme sobre savanas. Em todo o caso, conta o que se passa em Londres com uma verdade que não li em parte nenhuma.
«DN» de 10 Ago 11
NOTA (CMR): juntei o vídeo que F.F. refere e que, no YouTube, já teve mais de 3 milhões de visualizações. O jovem agredido foi parar ao hospital, com um maxilar partido. Roubaram-lhe o dinheiro, a bicicleta e o telemóvel.
Etiquetas: autor convidado, F.F
2 Comments:
Na sua aparente simplicidade, o vídeo é assustador, especialmente pelo inesperado da situação (os que começam por ajudar o jovem ferido acabam a roubá-lo!).
Que raio de mundo estamos a criar?
Como resposta a uma eventual pergunta «Que mundo queremos para nós?», leia-se:
«...urge transformar Portugal numa nova Inglaterra. Não porque gostemos de ver o nosso país a ferro e fogo nem porque sejamos adeptos da violência como solução para os problemas. Mas porque é essa a única forma de lutar contra tudo o que o Governo se prepara para fazer»
Pode confirmar-se [AQUI].
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