Que saudades dos tempos parvos
Por Ferreira Fernandes
NOS BONS velhos tempos, havia todos os anos a silly season. Quer dizer, silly season, silly season, por cá, só começou a haver depois de O Independente, de Miguel Esteves Cardoso nos pôr a todos a falar inglês (um dia, ainda se há-de escrever sobre isso, uma das poucas revoluções portuguesas conseguidas: em meia dúzia de anos, o fim de décadas de gerações francófonas...)
Mas a ideia de silly season, sempre houve. Chamávamos-lhe modorra do Verão e era aquele período em que os jornais desportivos gritavam nomes na primeira página com muitas consoantes e de quem nunca mais voltávamos a ouvir falar (quanto mais ler em manchete): "Vladcx já assinou pelo Benfica!"
E os outros jornais nem isso tinham, a política e os negócios estavam a banhos.
Para vender papel, restava inventar rumores, sublinhar ninharias e fenómenos do Entroncamento, espicaçar separações de famosos, enfim, noticiar o nada até porque o fenómeno era universal, lá fora o Verão também atacava e as agências noticiosas secavam. Daí, o sucesso da tal expressão bem apanhada: silly season, estação parva. Sempre houve, desde os bons velhos tempos.
Pois, apesar de estarmos em pleno Verão, período sem nada a assinalar por definição, tenho a dar uma notícia bombástica: a silly season morreu. Terrorismo na Noruega, falência na América, motins em Londres, as Bolsas em pânico e nós por cá sem saber se chegamos ao Outono.
Que saudades dos tempos suaves e parvos.
«DN» de 15 Ago 11NOS BONS velhos tempos, havia todos os anos a silly season. Quer dizer, silly season, silly season, por cá, só começou a haver depois de O Independente, de Miguel Esteves Cardoso nos pôr a todos a falar inglês (um dia, ainda se há-de escrever sobre isso, uma das poucas revoluções portuguesas conseguidas: em meia dúzia de anos, o fim de décadas de gerações francófonas...)
Mas a ideia de silly season, sempre houve. Chamávamos-lhe modorra do Verão e era aquele período em que os jornais desportivos gritavam nomes na primeira página com muitas consoantes e de quem nunca mais voltávamos a ouvir falar (quanto mais ler em manchete): "Vladcx já assinou pelo Benfica!"
E os outros jornais nem isso tinham, a política e os negócios estavam a banhos.
Para vender papel, restava inventar rumores, sublinhar ninharias e fenómenos do Entroncamento, espicaçar separações de famosos, enfim, noticiar o nada até porque o fenómeno era universal, lá fora o Verão também atacava e as agências noticiosas secavam. Daí, o sucesso da tal expressão bem apanhada: silly season, estação parva. Sempre houve, desde os bons velhos tempos.
Pois, apesar de estarmos em pleno Verão, período sem nada a assinalar por definição, tenho a dar uma notícia bombástica: a silly season morreu. Terrorismo na Noruega, falência na América, motins em Londres, as Bolsas em pânico e nós por cá sem saber se chegamos ao Outono.
Que saudades dos tempos suaves e parvos.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Discordância profunda e radical:
Por cá, passámos a estar sempre em "silly season".
Porque nos colocaram nela e nós deixámos que nos colocassem nela e nela, "molemente", permanecemos. Ou assim (me) parece.
Por mais mortos que haja. Ou incêndios. Ou acidentes graves na estrada. Ou dívidas que não somos capazes de pagar. Ou a "troica". Ou a "destroica". Ou o "diabo a quatro". Ou por aí fora...
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