O único maluco do País conformado
Por Ferreira Fernandes
UMA COISA que me irrita nos pobres - coisa antiga, já Maria Antonieta tinha dado por ela (não é bem verdade, mas não estou aqui para discutir a lenda) - é a falta de imaginação deles: se não têm pão, por que não comem brioches?
Outra coisa, nos pobres: a imprevidência. Andam ó-tio-ó-tio por o Metro fechar mais cedo, mas lembrarem-se de trazer o automóvel para a Baixa, está quieto!
Depois do trabalho os pobres podiam ir comer umas gambas ao Pinóquio, ouvir fado para Alfama e quando lhes desse na gana metiam-se no carro sem dependerem dos transportes públicos. Mas não, preferem protestar contra as medidas de austeridade do Governo.
E por falar neste, ele também embarca no pessimismo geral: vai para seis meses que tomaram posse e não há um ministro que anuncie a mudança da frota automóvel. Com exemplos destes, todos se encolhem, até Joe Berardo, que não há meio de exigir: "Se querem a minha colecção, passem-me um cheque em branco." Ao que, numa bravata linda, um verdadeiro secretário de Estado da Cultura aparecia na televisão: "Toma!" e estendia o cheque.
Era um Portugal assim que eu queria, afoito. Se é para a desgraça, vamos de cabeça. Mas na "manif" marcada para um dia destes, nenhum sindicato avança com o aumento de 10%. Nem a Guarda exige um aeroporto internacional e Mortágua uma Faculdade de Medicina. Tudo nas encolhas!
Magnificamente maluco só mesmo Jardim, que dá férias à ilha porque toma posse.
«DN» de 10 Nov 11UMA COISA que me irrita nos pobres - coisa antiga, já Maria Antonieta tinha dado por ela (não é bem verdade, mas não estou aqui para discutir a lenda) - é a falta de imaginação deles: se não têm pão, por que não comem brioches?
Outra coisa, nos pobres: a imprevidência. Andam ó-tio-ó-tio por o Metro fechar mais cedo, mas lembrarem-se de trazer o automóvel para a Baixa, está quieto!
Depois do trabalho os pobres podiam ir comer umas gambas ao Pinóquio, ouvir fado para Alfama e quando lhes desse na gana metiam-se no carro sem dependerem dos transportes públicos. Mas não, preferem protestar contra as medidas de austeridade do Governo.
E por falar neste, ele também embarca no pessimismo geral: vai para seis meses que tomaram posse e não há um ministro que anuncie a mudança da frota automóvel. Com exemplos destes, todos se encolhem, até Joe Berardo, que não há meio de exigir: "Se querem a minha colecção, passem-me um cheque em branco." Ao que, numa bravata linda, um verdadeiro secretário de Estado da Cultura aparecia na televisão: "Toma!" e estendia o cheque.
Era um Portugal assim que eu queria, afoito. Se é para a desgraça, vamos de cabeça. Mas na "manif" marcada para um dia destes, nenhum sindicato avança com o aumento de 10%. Nem a Guarda exige um aeroporto internacional e Mortágua uma Faculdade de Medicina. Tudo nas encolhas!
Magnificamente maluco só mesmo Jardim, que dá férias à ilha porque toma posse.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Sobre este mesmo assunto, escreve Manuel António Pina, no «JN»:
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Ensaio sobre a cegueira
Na Madeira, o Carnaval é sempre que um homem quiser. E o homem, Jardim, quer que seja todos os dias. Assim, os cerca de 30 mil funcionários públicos madeirenses (mais de 10% da população total!) tiveram ontem direito a três horas de tolerância de ponto para assistir "pessoalmente ou através dos meios de comunicação social" à tomada de posse do querido líder.
O piedoso acto realizou-se às 17 horas na Assembleia Regional, mas a dispensa de serviço foi dada a partir das 14, imagina-se que para os funcionários entrarem em estágio de preparação para muitas e emocionantes horas de discursos e elogios mútuos.
Três é exactamente o número de horas de trabalho a mais que os "cubanos" do cont'nente terão que agora prestar gratuitamente todas as semanas em nome crise financeira do país, incluindo a grossa parte dela por que é responsável o Carnaval orçamental madeirense, onde abunda, não o em trabalho gratuito, mas a ociosidade remunerada: ainda há pouco tempo, em Agosto, Jardim tinha dado (isto é, demos todos nós) mais uma tolerância de ponto, com direito a "ponte", para os funcionários verem o Rali Vinho Madeira...
A "troika" descobriu na Grécia uma ilha turística onde há 700 falsos cegos que o Governo subsidiava anualmente com 6,4 milhões de euros. Em Portugal descobrirá um continente com 10 milhões de cegos que subsidiam anualmente, com muitos mais milhões de euros, o Governo turístico de uma ilha.
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