9.11.11

Ódio velho

Por Alice Vieira

DE VEZ em quando ouvia-se a voz da mãe, do canto da sala:

- Não se esqueçam de levar o cão à rua.
- Esteja descansada – respondia ela, ou alguém que andasse por perto.

Raramente a mãe dizia fosse o que fosse.
Sentada diante da porta de vidro que dava para o jardim, ali ficava manhãs inteiras, silenciosa.
Nem mesmo quando às vezes os miúdos iam lá a casa ela mostrava algum tipo de emoção. Só o cão a preocupava.
Se não fosse o cuidado com o cão, Teresa era bem capaz de supor que ela perdera o uso da fala. Mas o médico já lhe dissera que era assim mesmo, e que muita sorte eles tinham de ela não ser violenta ou agressiva, como muitas nas suas condições. (...)
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