12.7.12

A ACTUAL luta dos mineiros espanhóis, bem assim como os recentes posts do Prof. Galopim de Carvalho (sobre as minas de carvão), levam-nos a 'ler com outros olhos' esta obra-prima. Alguém a quer comentar?
.


Actualização: esta minha referência ao Germinal também vem no seguimento desta foto publicada no Blasfémias, onde o destaque é dado a uma jovem ferida em confrontos com a polícia. Aparentemente, a ideia desse post é ridicularizar a participação, nessa luta, de alguém que - à primeira vista - nada tem a ver com ela.
Em comentário que afixei nesse blogue, eu 'sugeria a leitura' da obra de Zola, dado que uma das personagens principais é precisamente uma mineira, trabalhando a mais de 500m de profundidade. Além disso, já na parte final do romance, é descrita a importância das mulheres dos operários nas acções de rua em que elas se envolvem com extrema violência. Nessa época, em França, a repressão estava a cargo dos "dragões", que intervinham a cavalo e de sabre desembainhado - a matar.

6 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Zola descreve o mundo dos mineiros de tal forma que parece que nunca fez outra coisa senão andar lá!
(Sucede o mesmo com «A Besta Humana» no que toca ao caminho-de-ferro, com «O ventre de Paris» no que toca aos mercados, etc)

Além disso, neste 'Germinal' não há bons nem maus: a própria Catarina passa de revolucionária a fura-greves, e o seu apaixonado (com tendências pequeno-burguesas) também sonha poder defender os trabalhadores... mas bem longe do local de trabalho (se possível, no Parlamento)!

Não menos curiosa é a forma como o grande patronato se aproveita da greve geral: como as minas tinham diversos donos (particulares e empresas), o prolongar da greve levava à falência dos proprietários menores, depois engolidos pelos maiores...

12 de julho de 2012 às 18:27  
Blogger R. da Cunha said...

Li a obra há muitos, muitos anos e tinha uma vaga ideia, que o comentário me fez recordar.

12 de julho de 2012 às 19:36  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pois, é daqueles livros que se devem (re)ler em adulto, pois é uma lição de política muito interessante.

Por exemplo: o sindicalista profissional, que aparece na 2ª parte da obra, dá imensa vontade de rir, pois nos lembra gente conhecida. Ele anda a saltitar "de luta em luta", sempre a apoiar a classe trabalhadora, claro. Chega aos locais de conflito em caleche, diz umas larachas revolucionárias, distribui umas fichas para a malta se inscrever na "Internacional", deseja felicidades... e pira-se - vai apoiar outras lutas.

Há também a personagem do niilista, que cita Bakunine e quer matar tudo e todos, mesmo camaradas de trabalho. Sabota uma mina (que é inundada) e está-se nas tintas ao saber que está a afogar companheiros de trabalho.

E as cenas em que os grevistas rebentam com as máquinas, convencidos que é assim que derrotam o patronato?
De facto, os patrões mais pobres vão à falência, e os mais ricos "abocanham-nos".

12 de julho de 2012 às 20:53  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora:

A imagem inferior que se vê na capa do livro mostra, ao fundo, as instalações da mina e, à esquerda, a casa de um dos donos dela.

À porta desta casa, junta-se uma pequena multidão (grevistas e seus familiares). Segue-se uma cena de grande tensão, que Zola descreve como um bom jornalista que lá tivesse estado...

12 de julho de 2012 às 21:01  
Blogger Unknown said...

A ideia do post não era ridicularizar a senhora da fotografia nem os polícias nem os mineiros. O que o post pretendia era chamar a atenção para a incapacidade dos jornalistas de fazer uma notícia. Nesta manifestação dos mineiros em Madrid os confrontos com a polícia não foram protagonizados por mineiros. Aliás um dos problemas das manifestações em Espanha (e não só) é a presença de grupos que apenas procuram confrontos. Como sabe em alguns países, e Espanha é um deles, coloca-se a questão se a acção destes grupos não acaba por favorecer os governos. Por fim os mineiros espanhóis nada têm a ver com os de Zola: ganham muito bem e reformam-se muito cedo
Helena Matos

14 de julho de 2012 às 11:59  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

OK,

No meu comentário das 20h53m de anteontem também me refiro aos "revolucionários da treta", que os há com fartura (e hoje em dia mais do que nunca), e por todo o lado.

Evidentemente que, hoje em dia, a sua acção real acaba por ter consequências opostas àquilo que dizem pretender.
Mas se a jovem (que, na foto, se vê a sangrar) é desses ou não, já não sei. Seria interessante que o jornalista tivesse esclarecido esse facto - palpita-me que o não fez.

14 de julho de 2012 às 13:26  

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