12.7.12

A Bordúria "abre-se"

Por Manuel António Pina
ANUNCIOU a televisão estatal (na verdade, "a" televisão) norte-coreana que o líder supremo do Partido, do Estado e do Exército, "Kim Jong-un, tem um plano grandioso para fazer uma mudança considerável no campo de literatura e artes".
A primeira etapa de tal "plano grandioso" (na Coreia do Norte, os planos e ideias do supremo líder são sempre "grandiosos") foi um grandioso "show" realizado sexta-feira na capital do país, Pyongyang, em que, entusiasticamente aplaudidos de pé, actores dançaram para as cúpulas do regime, incluindo o próprio Kim Jong-un, vestidos de personagens da Disney: Mickey, Minnie, Winnie-the-Pooh, Branca de Neve, Dumbo, etc.. Alguém devia ter informado Kim Jong-un que Mickey é agente da CIA...
Alguns media ocidentais vibraram com tal sinal de "abertura", embora os EUA, pela voz do Tio Patinhas, tenham lamentado que os norte-coreanos não tivessem pago os direitos de autor.
"Abertura" seria um "show" em Pyongyang com as personagens, já não digo de Crumb, Shelton ou até de Al Capp, mas, ao menos, os de "L'affaire Tournesol", de Hergé, em que Tintin conhece um país, a Bordúria, que, mais estrela menos bigode na bandeira, é decerto familiar do povo norte-coreano: um partido único, um líder supremo com estátuas por todo o lado, uma tenebrosa polícia política, um Estado militarizado e uma sociedade infantilizada cantando hinos de louvor aos seus carcereiros.
«JN» de 12 Jul 12

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1 Comments:

Blogger Carlos said...

Grande festa!...e o Bernardino Soares, foi convidado?

12 de julho de 2012 às 12:10  

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