A Bordúria "abre-se"
Por Manuel António Pina
ANUNCIOU a televisão estatal (na verdade, "a"
televisão) norte-coreana que o líder supremo do Partido, do Estado e do
Exército, "Kim Jong-un, tem um plano grandioso para fazer uma mudança
considerável no campo de literatura e artes".
A primeira etapa de
tal "plano grandioso" (na Coreia do Norte, os planos e ideias do
supremo líder são sempre "grandiosos") foi um grandioso "show" realizado
sexta-feira na capital do país, Pyongyang, em que, entusiasticamente
aplaudidos de pé, actores dançaram para as cúpulas do regime, incluindo o
próprio Kim Jong-un, vestidos de personagens da Disney: Mickey, Minnie,
Winnie-the-Pooh, Branca de Neve, Dumbo, etc.. Alguém devia ter
informado Kim Jong-un que Mickey é agente da CIA...
Alguns media
ocidentais vibraram com tal sinal de "abertura", embora os EUA, pela voz
do Tio Patinhas, tenham lamentado que os norte-coreanos não tivessem
pago os direitos de autor.
"Abertura" seria um "show" em Pyongyang
com as personagens, já não digo de Crumb, Shelton ou até de Al Capp,
mas, ao menos, os de "L'affaire Tournesol", de Hergé, em que Tintin
conhece um país, a Bordúria, que, mais estrela menos bigode na bandeira,
é decerto familiar do povo norte-coreano: um partido único, um líder
supremo com estátuas por todo o lado, uma tenebrosa polícia política, um
Estado militarizado e uma sociedade infantilizada cantando hinos de
louvor aos seus carcereiros.
«JN» de 12 Jul 12 Etiquetas: MAP
1 Comments:
Grande festa!...e o Bernardino Soares, foi convidado?
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