O valor das palavras
Por Manuel António Pina
OS JOVENS candidatos a "boys" do PSD ouviram da boca do homem que
assegurou, jurou, afiançou, afirmou, asseverou, prometeu, garantiu que
não aumentaria o IVA e que "do nosso lado, não contem com mais impostos"
e ainda que acusá-lo de tencionar confiscar os subsídios de férias e
Natal era um "disparate", que é "perverso" "o recurso à via do trabalho
temporário para resolver necessidades permanentes" do SNS e que o país
não pode aceitar a "proletarização da juventude portuguesa baseada em
recibos verdes, em que as pessoas são obrigadas a pagar com os recibos
verdes aquilo que as entidades que as contratam não estão disponíveis
para pagar".
As afirmações foram proferidas por Passos Coelho na
festa do 38.º aniversário da JSD em resposta a uma questão do presidente
desta estrutura, Duarte Marques, sobre o caso dos enfermeiros do SNS
contratados a empresas de trabalho temporário a 3,96 euros por hora.
Fixemos
este nome, Duarte Marques, porque, com tal capacidade para dar, no
momento certo, a deixa certa para que o líder possa dizer o que os
eleitores querem ouvir, o rapaz irá decerto longe.
Os futuros
"boys" aprenderam ainda uma lição fundamental: em política faz-se o que
se quer mas diz-se o que, em cada momento, convém. Se for necessário
até, como o mestre, que "precisamos de valorizar a palavra para que,
quando ela é proferida, possamos acreditar nela".
«JN» de 10 Jul 12Etiquetas: MAP
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