Como falir sem dor (ensaio poético)
O
MAIS valioso prémio de Economia a seguir ao Nobel, o Wolfson Economics
Prize (250 mil libras, cerca de 310 mil euros), foi entregue esta
semana. Estava sujeito a mote, que era à volta de uma questão muito
moderna: a eutanásia. Na verdade, a questão posta não era bem como
abreviar a vida de um doente incurável, mas como um país deveria sair de
forma ordeira do euro.
Houve 400 propostas e ganhou o britânico Roger
Bootle, da consultadoria financeira Capital Economics. Bootle propôs que
o governo a sair do euro fizesse o plano secretamente e só o tornasse
público no dia da execução: a nova moeda com paridade, 1 por 1, com o
euro...
Poupo-vos a pormenores, os economistas, quando jogam no que mais
gostam, no modelo hipotético, são muito picuinhas. Noto é que, segundo
narrou o Times de ontem, os organizadores do prémio, ao atrasarem a
decisão de abril para esta semana, puseram os concorrentes (e o que
viria a ser vencedor) em pânico: se a Grécia, entretanto, tivesse saído
do euro estragava-lhes as propostas, e, se calhar, até as envergonhava.
Nada pior do que a realidade para destroçar os conceitos dos
economistas. Por isso auguro grande futuro ao Wolfson Economics Prize.
Deixe-se o Nobel para a Física ou a Medicina, premiando cientistas com
obra feita e provada. Já a Economia precisa de prémios baseados em "e
se...", só imaginação, como no concurso de quadras de São João do Jornal de Notícias.
«DN» de 8 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home