11.7.12

Um adjunto para a adjunta

Por Manuel António Pina
TODA  a minha simpatia para a subsecretária de Estado adjunta dos Negócios Estrangeiros, que parece ter percebido perfeitamente o sentido do discurso da urgência de descolonizar o Estado dos partidos por que tanto se tem batido o "seu" ministro, Paulo Portas.
Apesar da sua tenra idade, igualmente parece ter percebido, honra lhe seja feita, que os manifestos eleitorais são para eleitor ver. E que, quando o do seu partido fala em "independência [das nomeações] face ao clientelismo" ou proclama o princípio de que "não podendo ninguém ser prejudicado por ser membro de um partido, grave é que ter cartão partidário dispense ou substitua o currículo e o mérito", é preciso atender não só à letra mas, principalmente, ao espírito da coisa, àquilo que em Direito (a subsecretária é jurista) se chama de "ratio legis".
Assim, num gesto de desassombro cada vez mais raro em política, nomeou para adjunto do seu gabinete de subsecretária adjunta "o licenciado João Paulo da Silva Carvalho, do partido político CDS-PP", anexando ao despacho de nomeação o currículo de mérito que recomenda o nomeado: dois anos de "funções como administrativo em empresa de prestação de serviços" e "desde 2000 a exercer funções no CDS-PP". Faltou-lhe acrescentar que o nomeado é arguido no processo Portucale (também conhecido por "processo Jacinto Leite Capelo Rego"), mas não podia, naturalmente, lembrar-se de tudo.
«JN» de 11 Jul 12

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