Um adjunto para a adjunta
TODA a minha simpatia para a subsecretária de Estado adjunta dos Negócios
Estrangeiros, que parece ter percebido perfeitamente o sentido do
discurso da urgência de descolonizar o Estado dos partidos por que tanto
se tem batido o "seu" ministro, Paulo Portas.
Apesar da sua tenra
idade, igualmente parece ter percebido, honra lhe seja feita, que os
manifestos eleitorais são para eleitor ver. E que, quando o do seu
partido fala em "independência [das nomeações] face ao clientelismo" ou
proclama o princípio de que "não podendo ninguém ser prejudicado por ser
membro de um partido, grave é que ter cartão partidário dispense ou
substitua o currículo e o mérito", é preciso atender não só à letra mas,
principalmente, ao espírito da coisa, àquilo que em Direito (a
subsecretária é jurista) se chama de "ratio legis".
Assim, num
gesto de desassombro cada vez mais raro em política, nomeou para adjunto
do seu gabinete de subsecretária adjunta "o licenciado João Paulo da
Silva Carvalho, do partido político CDS-PP", anexando ao despacho de
nomeação o currículo de mérito que recomenda o nomeado: dois anos de
"funções como administrativo em empresa de prestação de serviços" e
"desde 2000 a exercer funções no CDS-PP". Faltou-lhe acrescentar que o
nomeado é arguido no processo Portucale (também conhecido por "processo
Jacinto Leite Capelo Rego"), mas não podia, naturalmente, lembrar-se de
tudo.
«JN» de 11 Jul 12 Etiquetas: MAP
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