Constituição a pedido
Por Manuel António Pina
O PRESIDENTE do BPI, Fernando Ulrich, já classificara a decisão do TC
que confirmou a inconstitucionalidade dos confiscos dos subsídios de
férias e Natal a funcionários públicos e pensionistas de "negativa",
"perigosa" e "inaceitável". Agora é o presidente do BCP, Nuno Amado, a
clamar que foi "uma decisão muitíssimo infeliz".
A banca (falta conhecer a opinião de Ricardo Salgado, do
omnipresente BES, para o ramalhete ficar completo) não só tem enormes
responsabilidades na crise como tem sido beneficiária da maior parte dos
sacrifícios que, a pretexto dela, vêm sendo impostos aos portugueses.
Mas a banca quer mais do que o seu financiamento com a "ajuda" que a
'troika' cobra ao país em desemprego, fome e miséria ou do que a
destruição do SNS que alimenta os seus negócios na Saúde, a banca quer
também uma Constituição "sua", já que a Constituição da República se
revela, pelos vistos, "negativa", "perigosa", "inaceitável" e
"muitíssimo infeliz" para os seus interesses.
Nem Ulrich nem Amado
o escondem: "É premente alguma revisão da Constituição" (Amado), e a
decisão do TC pode "justificar a discussão de uma revisão
constitucional, o que até seria positivo" (Ulrich).
Numa
democracia que cumprisse os serviços mínimos, os desejos de dois
banqueiros valeriam apenas dois votos. Não tardará que vejamos quanto
valem num regime do género "que se lixem as eleições".
«JN» de 30 Jul 12 Etiquetas: MAP
1 Comments:
"Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros."
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