Adriano Moreira – cúmplice fascista reabilitado
Por C. Barroco Esperança
DEIXEM-ME pronunciar sobre este académico ilustre, de
passado pouco recomendável, antes de ser adulado no próximo dia 6 de setembro, ao
comemorar 90 anos, e elevado aos altares quando o seu deus for servido de o
chamar à divina presença, ao contrário dos ateus que se limitam a morrer quando
a vida se extingue. (...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: CBE
10 Comments:
Curioso, nunca vi um texto com o título "cúmplice comunista reabilitado".
José Hermano Saraiva foi "reabilitado" à conta de ser um óptimo comunicador - ainda hoje, na «RTP Memória», vejo com prazer as suas crónicas (onde, com frequência, defende "o povo" contra "os senhores").
Já o percurso de Veiga Simão é muito mais interessante:
Ministro do fascismo em 1970, foi (...) eleito deputado à Assembleia da República, pelo Partido Socialista, em 1983, assumiu o cargo de ministro da Indústria e Energia no Bloco Central, até 1985; em Novembro de 1997, António Guterres nomeou-o ministro da Defesa do XIII Governo Constitucional».
Nenhuma pessoa é absolutamente boa,como nenhuma pessoa é absolutamente má. Sinto assim e obrigo-me a pensar assim.
Li o texto de Carlos Barroco Esperança e senti desconforto e tristeza.
Mal de (cada um) de nós se as nódoas não se lavassem.
Nunca tendo tido simpatia por Adriano Moreira, acho-me a pensar que o felicitaria pelos seus noventa anos, se tivesse oportunidade de o fazer. Como agradeceria a José Hermano Saraiva o privilégio de poder ter assistido a alguns dos seus programas televisivos.
Carlos Barroco Esperança parece-me uma boa pessoa. E contudo sinto-me desconfortável com o radicalismo com que define valores e atitudes das pessoas, bem como as próprias pessoas.
Por isso, às vezes leio só as primeiras linhas dos seus textos e não continuo.
E fico a pensar: como reagiria eu às primeiras linhas de um texto intitulado "auto-retrato" da autoria de Carlos Barroco Esperança?
Peço desculpa a Carlos Barroco Esperança. Que necessidade havia de eu escrever este comentário? Nenhuma, mas depois de hesitar, fi-lo.
E termino-o deixando um abraço para Carlos Barroco Esperança. Aceite-o ele ou não.
Compreendo o desconforto que este texto provoca mas sei que lhe está reservado um voto de pesar, tal como aconteceu - e mal - a José Hermano Saraiva.
Quem enviou os gorilas para a Universidade (JHS) merecia o silêncio respeitoso e não a exaltação política dos que foram vítimas do partido único que ele defendeu até à morte.
Quanto aos comunistas reabilitados, há muitos mas não tiveram oportunidade de ser eles os algozes (em Portugal).
Enquanto tivermos memória, não podemos esquecer as agruras do fascismo portugês e o rosto dos homens que o enformou.Nunca!
Francisco Caeiro:
Quantos portugueses sabem que os «gorilas» foram criados por JHS para agredir os estudantes?
E quantos imaginam que foi Adriano Moreira que reabriu o Tarrafal?
É a falta de memória que nos reconduz ao abismo da ditadura.
Este comentário foi removido pelo autor.
Claro que aceito, desvanecido, o seu abraço. Permita-me que o retribua com sinceridade.
À parte substancial do seu lamento, generoso e tolerante, limito-me a um agradecimento.
Quanto às memórias que cada um carrega e à catarse que urge fazer, é um problema individual.
Este meu texto resulta do branqueamento feito a HJS que morreu sem arrepender do que fez no Brasil aos exilados políticos que combatiam a ditadura, como embaixador, e em Portugal, aos estudantes, como ministro.
O voto de louvor da AR foi gratuito, no meu ponto de vista. Não me recordo de o terem feito ao irmão que era intelectualmente de igual nível, pelo menos, e foi impedido de ensinar em Portugal.
Caro Carlos B. Esperança
Claro que não sou pelo esquecimento. Estou consigo aí, sem dúvida. Como pelo direito à liberdade de opinião e de expressão.
Mas esta nota é só para lhe dizer do meu contentamento por ter recebido um abraço seu.
Caro José Batista:
Um abraço é o mínimo que merece quem, tão tolerante, discorda com tamanha elegância.
Obrigado e outro abraço.
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