A máquina de nos levar à certa
Por Ferreira Fernandes
PUBLICOU-SE
ontem um estudo internacional da Fundación BBVA sobre cultura
científica. Em onze países, EUA e dez europeus (Portugal não entrou),
considerou-se a investigação como o motor do progresso. Mas os
resultados são pouco credíveis, e não só por o BBVA ser banco e espanhol
e, por estes dias, os bancos espanhóis terem é de se calar.
A minha
principal objeção vem da lista dos inventos da era moderna escolhida
pelas 1500 pessoas ouvidas em cada país: à cabeça, medalha de ouro do
maior dos inventos, está a máquina de lavar roupa! A ordem do pódio foi:
a "lavadora" (como se diz em castelhano), a anestesia e a bicicleta.
Esta, à frente do comboio, avião e automóvel. Como se os inquiridos, no
dia em que precisarem de uma anestesia urgente, preferissem ver chegar
uma bicicleta a uma ambulância.
Mas o extraordinário é mesmo o lugar
cimeiro da "lavadora". Todas as grandes invenções humanas, embora motor
de progresso, já foram, até pela sua enormidade, causa de desgraças.
Aviões (bombardeiros), pesticidas (desertificações), Internet (devassa
da vida privada) trouxeram grandes desvantagens a reboque dos seus
grandes méritos. Ora a máquina de lavar roupa só matou alguns gatos em
experiências parvas. Pô-la à cabeça da civilização vale a felicidade,
porque então a máquina de lavar não existia, de Beatriz Costa na aldeia
da roupa branca.
Decididamente, os estudos dos bancos querem parecer
filmes ingénuos.
«DN» de 25 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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