O preço de sermos "bons"
Por Manuel António Pina
DEPOIS de a terem "desanimado" com medidas
cegas de austeridade que limitaram dramaticamente a procura interna, a
"troika" e o Governo estão agora preocupados em "animar a economia".
"Animar
a economia" significa aumentar as expectativas de lucro daquela parte
do patronato ainda não satisfeita com despedimentos fáceis e baratos,
mais dias de trabalho, "bancos de horas", desregulação laboral, etc..
Isto quando, já em 2011, os custos do trabalho em Portugal (12,1
euros/hora) eram substancialmente inferiores a metade da média da zona
euro (27,6 euros/hora).
A ideia é reduzir, no OE de 2013, a TSU
paga pelo patronato, de modo a "animar" com mais 840 milhões de redução
dos custos do trabalho quem, ao mesmo tempo que constantemente clama por
"menos Estado", sempre se habituou, desde os idos da lei do
condicionamento industrial, a viver à sombra da árvore das patacas
públicas.
O FMI "admite" ir buscar esses 840 milhões ao aumento
das taxas reduzidas de IVA que hoje incidem sobre alguns bens
essenciais: carne, peixe, cereais, ovos, leite, azeite, legumes,
jornais, livros e medicamentos. Já que, como diz o "troiko" Jurgen
Kröger, ao contrário da Grécia e da Espanha, em Portugal "as pessoas são
boas" e não reagem, além de que, como diz Cavaco, "a imprensa é muito
suave", assistiremos assim a nova e brutal transferência de recursos dos
mesmos de sempre para os mesmos do costume.
«JN» de 23 Jul 12
1 Comments:
Isto, só à troikada... em quem nos meteu nesta alhada.
O problema é que nós próprios nos fomos conduzindo - ou deixando conduzir - para o abismo.
Como sair dele?
Se eu soubesse...
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