Tão estranho e demasiado perto
Por Ferreira Fernandes
ESQUEÇA
o noticiário, são pormenores que só atrapalham. O essencial sobre o que
se passa na Síria: há os sunitas da Arábia e há os xiitas do Irão.
Bachar al-Assad, o ainda líder sírio, tem pouco a ver com o ayatollah
Khameini, líder do Irão, basta ver as mulheres de ambos. A primeira com
cara destapada e os cabelos soltos; a segunda, que nunca foi vista, sem
uma só foto, nem se lhe conhecendo o nome. Mas hoje eles estão juntos:
são xiitas.
Já ao Rei Abdallah pouco lhe interessa que Khameini lhe seja
próximo, tão socialmente conservador e tão crente: para o saudita, hoje
o iraniano é tão inimigo quanto o sírio, porque ambos são xiitas e ele é
sunita.
Dois lados, como num Benfica-Sporting. Arábia Saudita, Qatar,
Emiratos, de um lado - sunitas. Irão, do outro. A minoria síria, à qual
Al-Assad pertence, xiita, tem apoio do Irão. A maioria síria, sunita,
tem apoio da Arábia e vai ter o poder, em breve. Resultado deste
desafio: perdem os xiitas.
Há um desastre humanitário que todos os dias
nos é relatado pelos jornais e há também uma mudança histórica naquele
tabuleiro - não podemos fazer nada com um nem com outra. Mas, ao menos,
que não nos escapem as regras do jogo (sunitas contra xiitas e
vice-versa), porque o campeonato é para durar.
Eu ia dizer que parecemos
amadores com telescópio a ver choque de estrelas, não fosse a forte
probabilidade de restos das explosões virem ter connosco.
«DN» de 24 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
2 Comments:
Além da divisão sunitas/xiitas ainda há a dos xiitas árabes e xiitas persas.
Há pessoas a quem faz muita confusão como é que pode haver esses ódios mortais. No fim de contas, o profeta, o Deus e o Livro Sagrado são os mesmos...
Pois bem. "Nós" também temos algo parecido:
Católicos e protestantes estão nas mesmas condições, e em pleno século XXI ainda se matam uns aos outros (na Irlanda, p. ex., país da U.E.)...
E, ao que creio, os auluítas sírios, são um ramo minoritário dos xiitas.
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