Geminar Orlando com Pyongyang
Por Ferreira Fernandes
NO DIA anterior a prestar homenagem ao seu avô Kim Il-sung, fundador da
Coreia comunista, Kim Jong-un prestou homenagem à Disney. Aplaudiu o
Mickey e tinha ao seu lado uma espécie de Minnie, tão falsamente ingénua
que as agências não souberam dizer se a misteriosa de Pyongyang era
irmã ou amante do ditador.
O facto é que a Walt Disney Company e o
Departamento de Estado protestaram. E com razão. Uma coisa é tentar
lançar foguetes com ogivas nucleares, o que já é grave, outra é não
pagar royalties pelo uso de personagens da Disney, o que é um horror.
Desde a crise dos mísseis em Cuba o mundo não esteve tão próximo da
guerra...
A sucessão de homenagens tão opostas confirma que o jovem Kim
Jong-un é um marxista convicto, adepto da dialética: um beijo na boca
(personagens com laçarotes nas cabeça), um murro nos dentes (avô
estalinista). Depois, é sintomática a escolha de aliciar Mickey: o
ratito é só curvas, nem um só ângulo agudo. Ora, ninguém é mais
redondinho na política internacional do que Kim Jong-un.
Receio que haja
uma nova III Internacional na forja (e, já agora, reparem que
Bernardino Soares é o único comunista português que não é magro...)
Admito, porém, que a minha análise esteja errada e que Pyongyang afinal
só queira geminar-se com Orlando. Nesse caso, porque em tática política
que vence não se mexe, há que bombardear Teerão com revistas da Playboy.
Os inimigos têm de ser combatidos com os seus fantasmas.
«DN» de 12 Jul 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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