12.7.12

Geminar Orlando com Pyongyang

Por Ferreira Fernandes
NO DIA anterior a prestar homenagem ao seu avô Kim Il-sung, fundador da Coreia comunista, Kim Jong-un prestou homenagem à Disney. Aplaudiu o Mickey e tinha ao seu lado uma espécie de Minnie, tão falsamente ingénua que as agências não souberam dizer se a misteriosa de Pyongyang era irmã ou amante do ditador. 
O facto é que a Walt Disney Company e o Departamento de Estado protestaram. E com razão. Uma coisa é tentar lançar foguetes com ogivas nucleares, o que já é grave, outra é não pagar royalties pelo uso de personagens da Disney, o que é um horror. Desde a crise dos mísseis em Cuba o mundo não esteve tão próximo da guerra... 
A sucessão de homenagens tão opostas confirma que o jovem Kim Jong-un é um marxista convicto, adepto da dialética: um beijo na boca (personagens com laçarotes nas cabeça), um murro nos dentes (avô estalinista). Depois, é sintomática a escolha de aliciar Mickey: o ratito é só curvas, nem um só ângulo agudo. Ora, ninguém é mais redondinho na política internacional do que Kim Jong-un. 
Receio que haja uma nova III Internacional na forja (e, já agora, reparem que Bernardino Soares é o único comunista português que não é magro...) 
Admito, porém, que a minha análise esteja errada e que Pyongyang afinal só queira geminar-se com Orlando. Nesse caso, porque em tática política que vence não se mexe, há que bombardear Teerão com revistas da Playboy. Os inimigos têm de ser combatidos com os seus fantasmas.
«DN» de 12 Jul 12

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