O petróleo perdoa muita maluquice
Por Ferreira Fernandes
ENVIAR o robô Curiosity a Marte quando temos mais perto a Arábia Saudita é um exemplo de desperdício. Sem precisar de foguetão e tendo só de passar por uma alfândega meticulosa, chega-se a desertos e leitos de rios secos como no quarto calhau a contar do Sol. E se resta provar que aquela viagem de 560 milhões de quilómetros do robô encontre alguma coisa de jeito, a ida ao reino saudita garante provas de vida primitiva.
Ainda agora, anunciou o diário britânico Guardian, se ficou a saber que na Província Oriental se vai construir perto de Hofuf uma cidade só de mulheres. Mesmo os primatas mais atrasados entenderam, há milhões de anos, que assim não dá (basta uma geração com completa separação de géneros e a raça acaba ali), mas o fundamentalismo islâmico local quer tentar a experiência. Como apesar de tudo (exemplo de tudo: as mulheres estão proibidas de conduzir) há cada vez mais seres desse sub-género a procurar trabalho, dá-se-lhes uma saída onde elas não perturbem o sobre-género. Então, aquela cidade (e estão previstas sete), com 5 mil empregos no têxtil, farmácia e agroalimentar. Só mulheres.
Um bom bocado mais abaixo, na África do Sul, houve uma experiência similar, chamaram-lhes bantustões e acabou mal. Segregava negros e o mundo indignou-se muito. Desta vez só segrega mulheres, talvez o mundo se indigne menos. Mas é como eu digo, se a segregação for mesmo radical é capaz de acabar por si própria.
Etiquetas: autor convidado, F.F
2 Comments:
Mas alguem pensa que se vai a marte pelo petroleo? Que idiota.
O texto de F. F. é uma metáfora a propósito de "formas vida primitiva".
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