2.9.12

O mesmo combate de Condoleezza e Paula

Por Ferreira Fernandes
O DIÁLOGO de Clint Eastwood com uma cadeira vazia, durante a convenção republicana em Tampa, já é vedeta no YouTube. O momento valeu pelo carisma do grande (grande, grande) cineasta mas foi esquisito pelas palavras confusas. A multidão entrou em delírio porque ele disse o que ela queria: que era altura de pôr na Casa Branca "um homem de negócios" (o que Mitt Romney é, e eficaz). Clint, campeão de sempre do individualismo, o Bom (de O Bom, o Mau e o Vilão), descarregou a pistola no atual mau da fita, o vilão Estado.
No dia anterior, Tampa tinha ouvido, com menor euforia, o discurso de Condoleezza Rice, que foi secretária de Estado de Bush, filho. Com o mesmo apelo ao individualismo construtor da América, ela, negra, começou por evocar a sua infância na segregada Birmingham, Alabama, onde não lhe permitiam comer hambúrgueres com as meninas loiras, mas pôde ser convencida pelos pais que chegar a Presidente era ambição legítima. Dito isto, advertiu: os destinos individuais estão dependentes de instituições públicas, escolas e lei justas... Ora, como em eco, a nossa ministra da Justiça, na universidade de verão do PSD, ontem, também defendeu o saco de pancada em que se está a converter o Estado: "Está por provar que o sector privado seja mais eficiente que o público", disse Paula Teixeira da Cruz. 
É bom ouvir gente equilibrada, ou ainda acabamos a falar para cadeiras vazias. E isso só em génios se desculpa.
«DN» de 2 Set 12

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