O Super-Homem e a crise dos jornais
ACONTECEU,
dizem as notícias, que o Super-Homem se despediu do seu jornal. Não
exatamente ele, ocupado que está a arrancar a mocinha dos braços do
bandido, mas ele antes de mudar de roupa.
Toda a gente culta sabe que o
super-herói, na vida real, é um tímido jornalista chamado Clark Kent,
que tira os óculos e a gravata para envergar o célebre "S" ao peito.
Pois esse, o tal Clark, desde ontem deixou de trabalhar no seu jornal, o
Daily Planet. A notícia em si é uma tristeza, uma banda desenhada deve
voar, como as águias e os imigrantes vindos de Krypton, nos altos
territórios da imaginação dos garotos de oito anos e não baixar para
comer no nosso dia a dia - e está bom de ver que esse autodespedimento é
para colar o Super-Homem à atual crise da imprensa mundial.
Por cá, nos
jornais portugueses, ainda mais agónicos, logo se epilogou sobre a
justificação de Clark Kent. Isso de um jornalista ter um dever com "a
verdade", como ele diz, que não se compagina com o seu jornal ser
"comprado por um conglomerado", pareceu assunto local. Curiosa
justificação, digo eu.
Desde logo, porque Kent entrou para os jornais
ainda no tempo do citizen William R. Hearst, mais patrão metediço nunca
houve.
Segundo, porque a verdade que a cidade de Clark Kent queria
saber, ele sempre a escondeu: quem era o Super-Homem?
E, terceiro,
porque há um condicionante maior para o jornalista que o seu patrão: o
que o jornalista quer e deve fazer de si.
«DN» de 25 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
pena que jornalistas com CK estejam a acabar. qualquer dia como é tudo interactivo nem sabemos quem escreve a peça
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