2.3.13

Bife à Marrare só a marrar

Por Ferreira Fernandes  
A RECUPERAÇÃO está aí, basta olhar para o prato. Ainda ontem os conselhos da Isabel Jonet eram para não comermos bife e hoje já se discute o tipo de bife: só de vaca! Bife à Marrare, só a marrar. 
Esta mania dos bifes, falo dos ingleses, de que a função do cavalo é alimentar-lhes o vício das apostas e não ser servido às postas, tornou-se a preocupação nacional. Lendo os jornais, parece que o pior que pode acontecer aos portugueses não é o desemprego, é dar uma dentada no prego (de vaca) e outra na ferradura. 
O velho provérbio sobre enganados, comer gato por lebre, hoje transformou-se no pesadelo de alguns gramas de cavalo na nossa lasagna de vitela. Engolirmos o BPN, ainda vá lá, agora picarmos com garfo o que nasceu para ser picado por esporas, não! 
Aqui chegados, há que dizer que a crise é global. Ontem, o Le Monde anunciava que a ASAE sul-africana encontrou na carne seca de antílope, pitéu local, vestígios de girafa. Ao que chegou a ousadia dos traficantes: tentar esconder girafa, o mais notório dos animais! 
Entretanto, soube-se que na origem da crise do cavalo estava, claro, Bruxelas. Em 2007, uma diretiva europeia impôs à Roménia normas rodoviárias: nada de carroças puxadas a cavalo. Nesse tempo, havia 750 mil carroças romenas e o preço da carne de cavalo era pouco inferior ao de vaca. Agora, o preço da carne de cavalo caiu para um quarto... Expulsai o natural das estradas, ele volta a galope para o prato. 
«DN» de 2 Mar 13

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