O Caso do Salário Mínimo Nacional (*) - Diz que não disse o que dissera que disse
Por Antunes
Ferreira
CHEIRA-ME que
já obtivemos mais um recorde mundial. Nada, não se trata de Atletismo, nem se
cita o Carlos Lopes, a Rosa Mota, a Neide Gomes, o Fernando Mamede, o Nelson
Évora: poucos, mas bons. Estamos a falar de Política que neste caso é
Pulhítica: Coelho & sus muchachos, apoiados e treinados pelo sôr Silva,
alcançaram o recorde mundial de desmentidos e contradições.
Creio não ser
necessário apresentar exemplos tão quotidianos eles são; há porém, uma
circunstância temporal que possui o maior relevo; ora bem, vejamos.
Passos do Coelho disse na
Assembleia Nacional, perdão, da República,
que o Governo encara a hipótese de baixar o salário mínimo nacional; não
disse; disse apenas que, em rigor, o
mais sensato até poderia ser a descida do salário mínimo nacional para
facilitar a criação de emprego, invocando o exemplo da Irlanda. Contudo -
acrescentou Passos Coelho - o Governo já afastou esse cenário. Citando aqui
algumas ideias mestras de João Lemos Esteves na sua «Politicoesfera» que
publica no Expresso. Contino a utilizar Lemos Esteves, mesmo sem lhe pedir
licença.
Repare-se:
depois desta frase desastrosa de Passos Coelho, foi o próprio Primeiro-ministro
que, no estrangeiro, teve de dar explicações sobre o que pretendia dizer. Passos Coelho a explicar e a comentar Passos Coelho. Quem se fragiliza
politicamente? Passos Coelho, o chefe de Governo. Como é que um Governo pode
ter sucesso assim? Fácil: não pode! Este Governo resume-se a Passos Coelho:
ninguém se entende -Paula Teixeira da Cruz dá recados aos seus colegas de
Governo publicamente, os ministros dão informações contraditórias sobre a mesma
matéria -, todos dão os seus palpites pessoais e ninguém aparece para explicar
as medidas do Governo. Só mesmo Passos Coelho - e mal. Um Governo assim aguenta até 2015? Bem pode
vir Luís Marques Mendes proclamar que o Governo tem todas as condições para
ganhar as legislativas - só mesmo alguém que se dá muito bem com Miguel Relvas (que é a sua fonte para
os seus comentários) pode acreditar em tal coisa...
Entretanto, Eduardo Catroga, o gestor que representou o PSD nas
negociações do famigerado «memorando de entendimento» afirmou que «o mais acertado é o congelamento».
Catroga em declarações à Rádio Renascença, precisou que «A opção de congelar salários, num quadro destes, parece-me uma opção perfeitamente defensável». Mas só «numa situação muito extrema é que se pode admitir que o Estado sequer pondere essa variável [corte nos salários e pensões]».Para ele, o essencial é racionalizar estruturas e cortar ineficiências. «Não tocar nos salários e nas pensões», reforçou.
Interrogado quanto a uma eventual redução do salário mínimo nacional - uma tema polémico que agitou as marés entre Passos Coelho e António José Seguro esta semana no Parlamento - Catroga apenas disse: «Aconselho o Governo a não se debruçar sobre o tema». «As empresas que podem pagar mais que o salário mínimo nacional pagam e devem continuar a pagar. O Estado não deve imiscuir-se nas discussões de política salarial das empresas. As empresas que pode pagar, pagam, as que não podem pagar, não pagam. Agora admitir que o Estado tem que dar diretivas às empresas, isso é uma visão ultrapassada», frisou. Mais: Catroga não acredita que «a troika se meta nisso», já que a medida faz parte apenas «da esfera empresarial». Mas «que a troika se meta na política salarial da função pública, eu percebo, na medida em que está a financiar um Estado falido», apontou. Ora bem, se um Executivo diz ao pequeno-almoço que algo é branco, ao almoço assegura que é negro, ao jantar afirma que é cinzento e à ceia diz que é assim-assim e quiçá, de novo, um branco esbranquiçado, e uma/um ministra/o desmente o que um outro ministro e vem depois alegar que não disse o que disse e o queria dizer era que… está o caldo, o caldeirão, a tripé e o carvão todos entornados.
Catroga em declarações à Rádio Renascença, precisou que «A opção de congelar salários, num quadro destes, parece-me uma opção perfeitamente defensável». Mas só «numa situação muito extrema é que se pode admitir que o Estado sequer pondere essa variável [corte nos salários e pensões]».Para ele, o essencial é racionalizar estruturas e cortar ineficiências. «Não tocar nos salários e nas pensões», reforçou.
Interrogado quanto a uma eventual redução do salário mínimo nacional - uma tema polémico que agitou as marés entre Passos Coelho e António José Seguro esta semana no Parlamento - Catroga apenas disse: «Aconselho o Governo a não se debruçar sobre o tema». «As empresas que podem pagar mais que o salário mínimo nacional pagam e devem continuar a pagar. O Estado não deve imiscuir-se nas discussões de política salarial das empresas. As empresas que pode pagar, pagam, as que não podem pagar, não pagam. Agora admitir que o Estado tem que dar diretivas às empresas, isso é uma visão ultrapassada», frisou. Mais: Catroga não acredita que «a troika se meta nisso», já que a medida faz parte apenas «da esfera empresarial». Mas «que a troika se meta na política salarial da função pública, eu percebo, na medida em que está a financiar um Estado falido», apontou. Ora bem, se um Executivo diz ao pequeno-almoço que algo é branco, ao almoço assegura que é negro, ao jantar afirma que é cinzento e à ceia diz que é assim-assim e quiçá, de novo, um branco esbranquiçado, e uma/um ministra/o desmente o que um outro ministro e vem depois alegar que não disse o que disse e o queria dizer era que… está o caldo, o caldeirão, a tripé e o carvão todos entornados.
Por isso, termino
como comecei: o campeonato mundial da Pulhítica já cá canta!
-
(*) com a minha homenagem ao
Erle Stanley Gardner
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