A Brigada da Moral
Por Joaquim Letria
AQUILO que cada um faz no seu quarto, se as mulheres devem, ou não, serem donas dos seus corpos e se pessoas do mesmo sexo podem, ou não, casar-se umas com as outras anda por aí nas bocas do mundo. Mas aquilo que os poderosos fazem nos gabinetes com as vidas dos outros não parece preocupar ninguém.
AQUILO que cada um faz no seu quarto, se as mulheres devem, ou não, serem donas dos seus corpos e se pessoas do mesmo sexo podem, ou não, casar-se umas com as outras anda por aí nas bocas do mundo. Mas aquilo que os poderosos fazem nos gabinetes com as vidas dos outros não parece preocupar ninguém.
A brigada da moral, a par dos sobressaltos de que dão sinais, conseguiu pôr a economia de joelhos, roubando poupanças de milhões de cidadãos e sujeitando os restantes ao desemprego e à incerteza. Mas pior que tudo é a impunidade, o que os estimula a terem-no feito em 2008 e voltarem a fazê-lo agora.
Mas estes poderosos grupos que tomaram conta do nosso planeta não deixam as coisas ao acaso. Matam onde lhes dá lucro matar e, paulatinamente, preparam o futuro. Note-se, a título de exemplo, que só nos Estados Unidos da América, os Republicanos e os Democratas gastaram em 2012 um record de 12 mil milhões de dólares em campanhas eleitorais, que lhes permitiram estabelecer as pontes e conquistar os testas de ferro que vão manobrar a partir de 2014. Óptimo proveito do resultado do Supremo Tribunal de Justiça ter aberto as comportas da política ao grande capital, ao decidir que sob a Primeira Emenda as grandes companhias são “pessoas”.
Também o JPMorgan-Chase, o maior banco da América, está em melhor forma do que nunca, liderando a luta contra a lei (Dodd-Frank) que poderia impedir novo “crash” e os resgates da banca à custa dos contribuintes. O mesmo JPMorgan-Chase, o maior banco da América que terá enganado os accionistas e o público na famosa “Baleia de Londres” a qual ditou 6 biliões de euros de perdas, em 2012.
A Brigada da Moral não quer que as mulheres mandem nos seus corpos nem que pessoas do mesmo sexo se casem entre si. Mas não se importam nem um bocadinho que os multibilionários escaqueirem os direitos dos outros e destruam a democracia desde que isso lhes renda o que eles desejam.
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