1.4.13

A confiança é que está em falta

Por Joaquim Letria
NAS ACTIVIDADES financeira e económica há um elemento essencial: a confiança. Natural e próprio de quem tem de confiar, muitas vezes, o valor do trabalho duma vida e o futuro de seus filhos a terceiros que não precisariam de ser mais do que pessoas estranhas. 
O resgate a Chipre, as patacoadas do presidente do Eurogrupo, as argoladas do sr. Hollande, as birras do mister Cameron e a insensibilidade da sra. Merkel, a matreirice do BCE, a impreparação do novo FMI, tudo isto aliado às novas e desconhecidas colheitas de banqueiros e bancários, fez perder o mínimo necessário de confiança no sistema.
A estas questões reais podemos juntar a incompetência dos técnicos e a irresponsabilidade dos políticos: ninguém pode hoje confiar em ninguém, sujeitos como estamos ao “vale tudo” e à “banha da cobra” que nos impingem a todo o momento.
Chipre veio recordar-nos e deixar bem presente a incerteza do euro. A moeda única não parece justificar a enganadora solidez com que se apresenta a todos os que a vêem como uma alternativa credível ao dólar e a outras moedas europeias que persistem. 
A banca, instituição outrora confiável, está hoje assaltada por duvidosos desconhecidos, delegados dos partidos, comandada por marqueteiros de pacotilha em quem muito dificilmente se pode confiar. A “União monetária” também já foi chão que deu uva. Hoje, o euro parece mais sólido na Alemanha e na Holanda do que em Portugal ou na Itália, tal como ali os depósitos se perfilam mais seguros do que aqui.
A verdade é que muitos já não confiam as suas economias à banca e alguns também já não dormem descansados com o dinheiro no colchão, receosos das manigâncias e do terrorismo fiscal. É uma pena ter passado a haver tão pouca gente em quem se possa confiar...

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